I SÉRIE — NÚMERO 103
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estiveram, que viveram aquela situação, que são daquela zona, de todos eles, foi que nunca tinham visto nada
assim, foi uma espécie de tsunami de fogo, se quisermos — estas são palavras minhas.
É preciso perceber também que, naquele dia, o País teve mais de 150 incêndios.
O Sr. Duarte Filipe Marques (PSD): — Isso é o normal!
A Sr.ª Ministra da Administração Interna: — Não é o normal num dia daquela fase. O Sr. Deputado sabe
perfeitamente que não é o normal.
Protestos de Deputados do PSD e do Deputado do CDS-PP Hélder Amaral.
De qualquer das formas, tudo aquilo tem de ser esclarecido, todas essas questões têm de ter resposta, para
além de ser constituída uma comissão técnica independente, com a qual, naturalmente, teremos toda a
colaboração, sem qualquer espécie de reserva, fornecendo todos, mas todos, os elementos que tivermos na
nossa posse — todos!
Aplausos do PS.
Não podemos tirar conclusões precipitadas sobre a declaração que A faz àquele meio de comunicação social,
ou a declaração que B faz, ou a declaração que C faz. Esta não é uma forma séria de se trabalhar. Precisamos
de tempo, tempo para coligir informação fidedigna, mas não é só coligir informação, temos de a analisar, temos
de a confirmar — temos de a confirmar.
Por isso, Sr.ª Deputada, reitero desde já a total disponibilidade de todos os serviços que tutelo para
colaborarem, sem qualquer reserva mental, com a maior transparência, nos trabalhos desta comissão, que é,
na minha opinião, a única entidade que poderá, de forma imparcial, transparente e rigorosa, responder a todas
aquelas questões que queremos ver respondidas.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr.ª Ministra da Administração Interna, a Mesa registou a
inscrição de seis Srs. Deputados para pedir esclarecimentos e tem a indicação de que pretende responder em
grupos de três.
O primeiro grupo de pedidos de esclarecimento é composto pelos Deputados do Bloco de Esquerda, do PCP
e do Partido Ecologista «Os Verdes».
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Sandra Cunha.
A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — Sr. Presidente, a Sr.ª Ministra da Administração Interna, explicou ontem, em
audição, que os meios de combate aos incêndios levam o seu tempo a chegar aos locais e aos teatros de
operação, na sequência de uma pergunta que lhe foi feita, aliás, pelo Grupo Parlamentar do PSD.
Ainda não temos teletransporte, portanto, é compreensível que os meios levem o seu tempo a chegar aos
locais. Mas o que pretende o Governo alterar no imediato, no que respeita aos meios de combate aos incêndios,
para que a resposta seja mais rápida e mais eficaz?
Não acha, Sr.ª Ministra, que é dever do Estado garantir a existência de corpos de bombeiros e também de
forças de segurança em equipas devidamente dimensionadas, equipadas e adequadas, um pouco por todo o
País, que é algo que não acontece, e todos sabemos disso, especialmente nas zonas de risco? Sr.ª Ministra,
não acha que a segurança e a proteção da população são responsabilidade do Estado? O que é que vai ser
diferente da próxima vez?
Sr.ª Ministra, já sabemos que informações, estudos, avaliações, perícias foram pedidos pelo Governo e que
estão a ser feitos todos os esforços para apurar aquilo que realmente aconteceu nos incêndios de Pedrógão
Grande e de Figueiró dos Vinhos — o que aconteceu, porque aconteceu e que consequências é que isso teve
nas operações de combate aos fogos e de proteção das populações.