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I SÉRIE — NÚMERO 104

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E o que eu disse da tribuna é importante que os Srs. Deputados tenham em conta: nós, na posição conjunta,

também colocámos lá, tivemos essa preocupação, que não pode haver continuidade no encerramento dos

serviços de proximidade, designadamente no interior do País, porque, de cada vez que se encerra um serviço

público, é a potencialidade da dinâmica do interior e do mundo rural que se retira, e esse é um erro político, é

um erro que se paga caro, muito caro.

Por outro lado, consideramos que é fundamental investir em meios humanos. Fizemos a proposta para o

aumento de 50 vigilantes da natureza, temos propostas para a redinamização do corpo de guardas florestais e

o aumento das equipas de sapadores florestais. Custa dinheiro? Custa! Mas custa muito mais fazer aquilo que

se tem feito nas políticas erráticas que se têm promovido, e sabemos isso no combate que temos feito aos fogos

florestais.

Aplausos de Os Verdes e do PCP.

Entretanto assumiu a presidência o Vice-Presidente José de Matos Correia.

O Sr. Presidente: — Passamos, agora, às perguntas ao Sr. Ministro da Agricultura.

O Sr. Ministro tem seis perguntas e o Governo já informou a Mesa que responderá três a três.

Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Carlos Matias, do Bloco de Esquerda.

O Sr. Carlos Matias (BE): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Nas últimas

décadas, o espaço rural tem estado sujeito a transformações profundas de ocupação e de organização do solo

com a prevalência de povoamentos de monoespécie contínuos, constituídos, essencialmente, por eucaliptos e

pinheiros bravos, muito inflamáveis.

As vagas de incêndios que há décadas, e não só agora, vêm assolando o País levaram uma resposta

concentrada no combate direto aos fogos em detrimento da prevenção, do ordenamento e da gestão da floresta.

Esta opção ainda não foi revertida mas já está colocada em crise pela realidade que o dramático exemplo de

Pedrógão Grande, infelizmente, nos evidencia.

O nosso clima e as notórias alterações climáticas são também fatores a ter em conta. Além disto, a aprovação

da lei de liberalização da plantação de eucalipto, encabeçada pela ex-ministra Assunção Cristas e acompanhada

pelo PSD, agravou o risco de incêndio na floresta.

Protestos do PSD e do CDS-PP.

E cabe aqui, Sr.as e Srs. Deputados, acabar com uma mistificação que, sistematicamente, vem do vosso

lado: o preâmbulo desse decreto-lei, que os senhores escreveram, assume, explicitamente, que iria igualizar as

espécies de crescimento rápido e as espécies de crescimento mais lento — isto está escrito no preâmbulo, é

esta a intenção que os senhores concretizaram e que está escrita preto no branco.

Vozes do BE: — Muito bem!

O Sr. Carlos Matias (BE): — Não venham para aqui com mais mentiras e mais conversa da treta.

Aplausos do BE.

Por outro lado, o PDR 2020 (Programa de Desenvolvimento Rural 2014-2020), desenhado pela anterior

maioria PSD/CDS, orientou os fundos europeus para a grande propriedade e para o agronegócio numa visão

estritamente produtivista.

O Sr. Duarte Filipe Marques (PSD): — Não é verdade!

O Sr. Carlos Matias (BE): — A pequena agricultura familiar foi desprezada, reduziram-se ao mínimo as

iniciativas de base local, a aposta nos recursos endógenos e o envolvimento das populações.