1 DE JULHO DE 2017
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Ainda ontem um dirigente da Associação In Loco nos evidenciava o facto de, entre a Abordagem LEADER
do I Quadro Comunitário de Apoio e o atual PDR 2020, as iniciativas de base local terem passado de 34 para
três. De 34 para três!
O Sr. Pedro Soares (BE): — É verdade!
O Sr. Carlos Matias (BE): — Ora, é preciso apoiar decididamente a pequena agricultura familiar, é preciso
redesenhar o PDR 2020 para voltar a apoiar robustamente as iniciativas de base local assentes em recursos
endógenos como a floresta, iniciativas com participação das populações e das autarquias com espaços rurais.
É preciso introduzir já essa nova orientação na nova PAC (política agrícola comum) que está a ser discutida.
Sr. Ministro, o que vai ser feito nesse sentido?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Tem, agora, a palavra para pedir esclarecimentos, o Sr.
Deputado Luís Pedro Pimentel.
O Sr. Luís Pedro Pimentel (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: A
floresta é, sem dúvida, um bem maior que todas as gerações têm o dever de cuidar e preservar, mas é também
uma atividade que gera rendimento, riqueza e emprego.
Não se pode discutir a floresta sem a enquadrar no território e não se pode falar de mundo rural sem
mencionar as atividades económicas que nele existem.
É, pois, com alguma perplexidade que, nos últimos dias, temos vindo a assistir a um debate em torno da
floresta e do mundo rural totalmente desfasado da realidade e muito longe das necessidades da própria floresta.
Infelizmente, os trágicos acontecimentos aceleraram uma discussão sobre a reforma da floresta portuguesa,
que merecia muito mais ponderação e, sobretudo, bom senso.
Esta discussão nasceu assente em premissas erradas impostas pelo Partido Ecologista Os Verdes e será
aprovada com imposições radicais do Bloco de Esquerda. Infelizmente, ao que o País vai assistindo, nas últimas
horas, é à novela BE/Governo, Governo/BE. Ouvimos também o PCP a afirmar, através da CNA (Confederação
Nacional da Agricultura), que as medidas da reforma florestal são «insuficientes e impiedosas».
Enquanto isso perde-se uma oportunidade de procurar soluções mais abrangentes, que tornem as áreas
florestais mais rentáveis e mais competitivas.
O Sr. Pedro Soares (BE): — E quais são as vossas propostas?
O Sr. Luís Pedro Pimentel (PSD): — Ignora-se o saber e a ciência que ao longo de anos tem sido produzida
pelas universidades portuguesas, e saliento aqui o papel importantíssimo que a Universidade de Trás-os-Montes
e Alto Douro e o ISA (Instituto Superior de Agronomia) têm dado neste setor.
O Sr. Pedro Soares (BE): — Quais são as vossas propostas?
O Sr. Luís Pedro Pimentel (PSD): — Aliás, não deixa de ser paradoxal que o Estado invista todos os anos
na formação de quadros técnicos superiores de silvicultura e na área florestal e, depois, despreze esse
conhecimento e decrete o futuro da floresta por imposições políticas, ignorando, igualmente, os avisos das
associações e confederações do sector florestal. Depois, não nos admiremos se as normas previstas na reforma
da floresta não forem cumpridas.
Sr.as e Srs. Deputados, o sucesso de uma lei depende da sua aplicabilidade e da sua adaptação à realidade,
ainda mais no caso da floresta, que é maioritariamente privada e constituída por micro parcelas.
Por isso, Sr. Ministro, gostaria que nos pudesse informar que estudos realizaram os serviços do Ministério
da Agricultura ou quais os que foram consultados para suportar a decisão de transferir áreas de eucalipto entre
regiões do interior e litoral? Que impactos sociais e territoriais serão expectáveis relativamente a isto?