I SÉRIE — NÚMERO 104
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O Sr. Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural: — Sr. Presidente, queria só responder
ao Sr. Deputado João Ramos, peço desculpa. Pode descontar este tempo no que está destinado à intervenção
final.
Gostaria de dizer ao Sr. Deputado João Ramos que, naturalmente, o Governo está disponível para propor
algo de novo. É exatamente isso que estamos a fazer.
Estamos disponíveis para reforçar os meios financeiros, obviamente aqueles que forem possíveis. Mas os
meios financeiros discutem-se no quadro dos orçamentos e, aí, o Sr. Deputado também terá a sua própria
responsabilidade para nos ajudar a encontrar esses meios.
Quanto ao reforço do PDR para as medidas de emergência, obviamente, Sr. Deputado, esta é a medida que
terá sempre os recursos que forem necessários, sejam eles quais forem.
Devo dizer que, neste momento, já estão inventariados, ou seja, o Ministério da Agricultura já tem
quantificados todos os prejuízos na região de Pedrógão e nos municípios adjacentes.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Ministro, tem mesmo de terminar.
O Sr. Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural: — Esses prejuízos ascendem a cerca
de 20 milhões de euros e teremos, seguramente, capacidade financeira para lhes dar resposta, assim como
para reforçar as equipas de sapadores. Este ano vamos criar 20 equipas, já no mês de julho, e teremos outras
44 concluídas e reequipadas até ao final deste ano. Como são concursos que demoram vários meses, este ano
não será possível ir mais além, mas esse é o objetivo. Lembro que fui eu próprio que, há muitos anos, fixei como
objetivo criar 500 equipas no quadro de uma Legislatura. Atingiremos seguramente esse objetivo, Sr. Deputado.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Passamos, então, à segunda ronda de perguntas.
Darei a palavra ao Sr. Deputado José Luís Ferreira, a quem aproveito para pedir desculpa, uma vez que o
Partido Ecologista «Os Verdes», na qualidade de partido interpelante, devia ter feito a primeira pergunta ao Sr.
Ministro. Assumo a responsabilidade por não o ter permitido e peço desculpa por isso.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, não tem qualquer problema.
Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Ministro da Agricultura, não sei se
esteve atento às notícias dos últimos dias mas ouvimos coisas interessantes sobre a floresta.
Ouvimos o PSD dizer que grande parte do território não tem eucalipto, que a maior parte da floresta
portuguesa não é eucalipto e, o mais insólito, ouvimos o PSD dizer que o eucalipto é o que arde menos e onde
o fogo se apaga com mais facilidade.
Ora, face ao que ouvimos, parece-nos que está, assim, desvendado o mistério sobre as razões que levaram
o Governo PSD/CDS a proceder à completa liberalização do eucalipto no nosso País.
Segundo a leitura do PSD, e também, certamente, do CDS, havia poucos eucaliptos na nossa floresta e
como, pelos vistos, para o PSD, o eucalipto é o que arde menos e onde o fogo se apaga com mais facilidade, o
Governo anterior avançou com a sua liberalização.
É verdade! Só faltou mesmo dizer que a liberalização do eucalipto representou uma medida para prevenir os
incêndios florestais. Só faltou mesmo isso para podermos dizer: se o eucalipto não arde, há pessoas que se
queimam de cada vez que falam de incêndios e de florestas.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Que mau gosto! Como é que é possível?!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Mas nós fazemos uma leitura diferente da do PSD e do CDS não
só sobre a quantidade de eucaliptos na nossa floresta, que passou a ser, aliás, a espécie que ocupa mais área
no nosso País, mas também sobre o papel que esta espécie representa no que diz respeito à progressão e à
dimensão que os incêndios têm vindo a assumir.
Foi, aliás, também por esse facto que na posição conjunta que o Partido Ecologista «Os Verdes» estabeleceu
com o Partido Socialista ficou expressa a necessidade de travar a expansão da área do eucalipto, bem como o