1 DE JULHO DE 2017
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aumento das áreas de montado de sobro e de azinho. Este propósito passa desde logo pela revogação da lei
aprovada pelo Governo de PSD/CDS que liberalizou a plantação do eucalipto e por criar um novo regime jurídico
de arborização e rearborização.
Da nossa parte, Sr. Ministro, queria reafirmá-lo, continuamos empenhados na procura de soluções para travar
a expansão do eucalipto, que é, a nosso ver, um imperativo, sobretudo depois de o Governo PSD/CDS ter
procedido à completa liberalização dessa espécie. A este propósito, queria registar os avanços que temos feito
no sentido de procurar colocar um travão na expansão da área do eucalipto e também a abertura do Governo
para revisitar matérias nas quais não há ainda sintonia, nomeadamente no que diz respeito à autorização para
novas plantações de eucaliptos através da permuta.
Portanto, vamos agora esperar que não falte nem determinação nem coragem ao Governo para romper de
vez com políticas que assentam numa visão meramente economicista, de curto prazo, e que beneficiam
exclusivamente alguns setores económicos restritos, onde, naturalmente, prevalecem as celuloses.
É verdade que neste debate interessa olhar para o futuro, mas olhar para o futuro com o passado presente,
porque os problemas da nossa floresta, e até a dimensão que os incêndios acabam por adquirir, não estão,
certamente, desligados dos problemas estruturais e opções políticas que ao longo do tempo foram promovidas
por vários governos.
E não me refiro apenas à liberalização do eucalipto, refiro-me também ao notório desinvestimento público na
prevenção de incêndios e na floresta em geral. Aliás, nesta matéria, recorde-se que o anterior Governo cortou
200 milhões de euros nacionais no PRODER (Programa de Desenvolvimento Rural), o que certamente veio
agravar os problemas. Refiro-me também à desresponsabilização do Estado na gestão da floresta, no
ordenamento florestal, no combate à desertificação e no abandono do mundo rural, e ainda à extinção do corpo
de guardas florestais.
Ora, é exatamente sobre os guardas florestais que incide o meu pedido de esclarecimento, Sr. Ministro, no
fundo para saber que avaliação faz o Governo da extinção do corpo de guardas florestais, que não é de agora,
sabemos, mas gostaria de saber que avaliação faz o Governo e se equaciona fazer renascer o corpo de guardas
florestais.
Mesmo para terminar, Sr. Ministro, também gostaríamos de saber em que fase se encontra a contratação
dos 50 vigilantes da natureza, que, como sabe, foi um compromisso que o Governo assumiu com o Partido
Ecologista «Os Verdes» no ano passado e na negociação do Orçamento do Estado para este ano.
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Patrícia Fonseca.
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, soubemos ontem, pela comunicação
social, que o Governo fez um acordo com o Bloco de Esquerda para o arrendamento compulsivo das terras
florestais. Ficámos, por isso, a saber que o Governo PS se associou ao Bloco de Esquerda, que se intitula um
partido defensor do mundo rural mas que, na realidade, esquece os 400 000 pequenos proprietários florestais
quando toca a defender a sua ideologia.
Não conhecemos os termos do acordo, Sr. Ministro, mas conhecemos a proposta do Bloco de Esquerda.
A proposta do Bloco de Esquerda parte de um problema, que é o abandono rural, faz o diagnóstico, que é
dizer que esse abandono é consequência da alteração dos modelos de sociedade, da fragmentação da
propriedade e da consequente falta de rentabilidade que ela tem, e apresenta-nos a solução: vamos penalizar
o proprietário, que já pouco tem para poder reinvestir na sua floresta, agravando os impostos, neste caso
concreto o IMI (imposto municipal sobre imóveis). Como o proprietário já não vai conseguir limpar os terrenos,
ainda menos vai conseguir pagar este acréscimo de custo. Então, dizemos que é um proprietário absentista —
isto na perspetiva do Bloco de Esquerda — e que, por isso, tem de arrendar a sua terra compulsivamente ao
Estado. Depois, põe-se essa terra no banco de terras. Pergunto, Sr. Ministro, se não entende que isto é não
mais do que um confisco da propriedade privada para conseguir a tão almejada floresta pública.
O Sr. Pedro Soares (BE): — São fantasmas! Fantasmas!