I SÉRIE — NÚMERO 104
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E isto porquê, Meus Senhores? Porque, se não há sustentação do lado da ciência e não havendo sustentação
do lado da economia nem da área social, só há uma razão: continua a querer governar-se a todo o custo,
cedendo a tudo e a todos, inclusivamente a preconceitos ideológicos.
Aplausos do PSD.
O Sr. João Oliveira (PCP): — As celuloses a falarem pela voz do PSD!
O Sr. Nuno Serra (PSD): — Contrariamente ao que o Sr. Ministro da Agricultura afirmou, ou seja, que não
queria partidarizar a discussão sobre a floresta, este Governo fez exatamente o contrário, partidarizou o debate
a partir do momento em que cedeu à chantagem de um partido político e trocou o futuro da floresta por um
acordo de governação, como já aqui foi dito pelo Sr. Ministro.
Protestos do PCP.
Este é o legado que o Governo deixa para a floresta. Um punhado de documentos, a que chamou «reforma»,
só com um objetivo: saldar a dívida com Os Verdes e, agora, com o Bloco de Esquerda.
O ex-Ministro da Agricultura socialista António Serrano afirmou que se «diaboliza-se o eucalipto, mas o diabo
está no abandono» do território.
Devia ser este o grande objetivo de uma reforma florestal: criar oportunidades para que esta atividade gere
rendimento suficiente para aumentar o investimento no setor, evitar o abandono e permitir uma verdadeira a
coesão territorial.
Infelizmente, a obsessão dos partidos de esquerda pelo eucalipto — e são os partidos de esquerda que todos
os dias enchem a boca com o eucalipto —,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Olha a celulose outra vez!
O Sr. Nuno Serra (PSD): — … e a opção do Governo em permitir a deslocalização das atuais plantações
para o litoral é tão cega que ainda não perceberam que essa medida será o maior fator de assimetrias entre o
interior e o litoral que este País alguma vez teve, e os senhores serão culpados dessas assimetrias.
Protestos da Deputada de Os Verdes Heloísa Apolónia.
Esperávamos hoje que o Governo, Os Verdes e os restantes apoiantes desta maioria viessem explicar aos
portugueses como é que vamos evitar a desertificação do território que decorre das proibições que estão a fazer,
ou seja, proibindo a plantação da única espécie que é rentável nos terrenos mais pobres e interiores de Portugal.
Aliás, depois de ouvir o Sr. Primeiro-Ministro, no debate quinzenal, afirmar que o problema da floresta assenta
na falta de ordenamento e, principalmente, na falta de rendimento que a atual floresta gera em algumas zonas,
a questão que se coloca é como é que a proibição de plantação de uma espécie vai aumentar o ordenamento
territorial e especialmente a plantação da espécie mais rentável como é que vai dar mais rentabilidade ao setor.
Estas são as perguntas a que os senhores têm de responder.
Srs. Deputados, usar o eucalipto como bode expiatório dos incêndios já é uma desonestidade, mas pior ainda
é dizerem que para ordenar uma floresta a espécie tem de ser travada.
Travadas têm, sim, que ser as zonas de mato!
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Nuno Serra (PSD): — Essas zonas de mato são consequência do abandono das terras e isso, sim, o
combustível ideal para os fogos.
Aplausos do PSD.