1 DE JULHO DE 2017
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Travada tem de ser a desertificação e isso, sim, gera abandono e desleixo nas propriedades.
Protestos da Deputada de Os Verdes Heloísa Apolónia.
Sr. Ministro e Srs. Deputados, em relação a essa reforma que estava em curso — uma reforma, sim, para
uma geração —, os senhores querem interromper ao fim de dois anos para, caricatamente, fazer a vossa reforma
porque só a atual maioria é que pode fazer reformas para uma geração, o anterior Governo não podia.
Esta é a triste sina da nossa floresta! A falta de horizontes de quem só viu neste setor uma oportunidade
política a muito curto prazo.
O PSD está disponível para trabalhar, para procurar as convergências possíveis em torno deste setor, mas
não está disponível para pactuar com este logro à floresta.
A nossa floresta vale mais do que isso!
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado
Francisco Rocha, do PS.
O Sr. Francisco Rocha (PS): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, Sr. Deputado
Nuno Serra, ficámos hoje a saber nesta Assembleia que o PSD continua a fazer de conta que não existe uma
reforma florestal em curso, o que, certamente, não é justo quando sabemos que a dita reforma pretende ser
participada, abrangente e equilibrada, que apelou sucessivamente ao contributo do PSD e que,
cumulativamente, pretende promover a coesão, o desenvolvimento rural, o crescimento económico e a
sustentabilidade ambiental do nosso País, querendo contribuir para que a nossa floresta setorne diversa e
duradoura, justamente e contraponto com aquela que foi a ação do Governo de direita que até tirou da sigla do
Ministério o F, o D e o R. Teve de ser um Governo do PS, apoiado pela esquerda parlamentar, que voltou a
chamar Ministério da Agricultura, das Florestas e do Desenvolvimento Rural.
Aplausos do PS.
Mas todos sabemos que problemas complexos não têm soluções simples. Existem bloqueios e fatores
estruturais que marcam o nosso território, desde logo: a estrutura florestal, que é na sua maior parte em
monocultura contínua de pinho e eucalipto; o despovoamento dos territórios; as alterações climáticas que
agravam ainda mais o risco associado ao nosso clima mediterrânico.
Por isso, é justo afirmar que a reforma florestal tem o mérito de colocar em debate estas questões estruturais
e que são essenciais para o futuro do nosso País e que esse debate colocou ênfase no aumento da eficiência
da gestão, da produtividade, da sustentabilidade, do investimento e da desertificação florestal, demonstrando
uma leitura moderna da importância das florestas no contexto das alterações climáticas e a sua relação com as
energias renováveis, a bioeconomia e a proteção civil.
Por isso, é altura de perguntar, porque ainda não percebemos, se o PSD está ou não de acordo com a
essência desta reforma.
Estão ou não de acordo com a necessidade de ser introduzido um novo impulso de gestão na floresta? Estão
ou não de acordo com um acréscimo no ordenamento florestal? Estão ou não de acordo com a necessidade
imperiosa de estancar o abandono da floresta e do território? Estão ou não de acordo com a urgência de
estancar, de superar, o problema da falta de limpeza de combustíveis na nossa floresta? Estão ou não de acordo
com a necessidade de conter a área de monocultura florestal, principalmente do eucalipto? Estão ou não de
acordo que se deve incentivar a aposta em espécies autóctones e a criação de mosaicos florestais? Estão ou
não de acordo com a utilização do fogo controlado, com o reforço das ZIF e do número de sapadores florestais?
Sr. Deputado Nuno Serra, estão ou não de acordo com a questão da resolução do cadastro?
Meus Caros, chegou a hora de a bancada do PSD dizer, de uma vez por todas, a esta Câmara e ao País
qual é, efetivamente, a sua posição, quais são os contributos que quer dar ao futuro da floresta portuguesa.