7 DE JULHO DE 2017
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e que estou disponível para continuar a apoiar — e tenho muito orgulho em apoiar o Governo da «geringonça»
—,…
Aplausos de Deputados do PS.
… neste momento, na área da saúde, ainda com problemas, é certo, já executou 70% do Programa que foi
sufragado pelos portugueses.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Cristóvão Simão Ribeiro (PSD): — Não brinque com coisas sérias!
A Sr.ª Maria Antónia Almeida Santos (PS): — Já não estou de acordo com o Sr. Deputado quando tenta,
de uma forma que se virou contra si, peço-lhe desculpa, acusar-me de uma coisa que é o senhor que pratica,
que é não ter opinião, não dizer nada, sobre a questão que está em aberto.
De facto, o projeto que está hoje em discussão se, de alguma maneira, vem reforçar a política do Governo
em matéria de cuidados paliativos, e isto assumo-o aqui, porque, de facto, reforça,…
O Sr. Cristóvão Simão Ribeiro (PSD): — Uma cambalhota!
A Sr.ª Maria Antónia Almeida Santos (PS): — … não traz, nem acrescenta nenhum direito. E, por isso, o
Sr. Deputado não teve ninguém a dizer: «É verdade, não há novidade nenhuma!».
Bom, devo dizer, com a máxima frontalidade, que o Sr. Deputado sabe qual é a minha posição pessoal em
relação à morte assistida, mas não estamos a falar do direito à legalização ou à despenalização da eutanásia,
não é disto que estamos a falar mas, sim, de direitos de doentes em fim de vida, e sobre isto o Sr. Deputado
nem uma palavra disse.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Manuel Pureza.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Não valem fingimentos neste
debate. O projeto de lei apresentado hoje pelo CDS é um antiprojeto de lei. O CDS não fez mais do que vir
marcar o seu lugar no debate que o País está a fazer sobre a despenalização da morte assistida. Sem ter a
coragem de o dizer expressamente, este projeto é um projeto sobre a morte assistida para negar a sua
despenalização. Este projeto não é outra coisa senão isso, uma afirmação inequívoca do CDS de que quer
manter na lei a pena de prisão de 1 a 3 anos para o profissional de saúde que, em consciência, entenda que
deve ajudar a respeitar a vontade séria e livre de um doente incurável e com um sofrimento insuportável de que
a sua morte seja antecipada, em nome da dignidade que se fixou a si próprio.
Os 11 artigos deste projeto poderiam reduzir-se a um único com o seguinte conteúdo: «mantém-se em vigor
a criminalização da morte assistida».
O CDS não quer consagrar nenhum direito, quer apenas negar um direito. Este projeto é absolutamente
redundante e, por isso, é supérfluo e é mesmo demagógico. Artigo a artigo, o projeto que temos diante de nós
limita-se a dizer que são legais direitos que constam da lei. O consentimento informado, o testamento vital, a
informação sobre o estado de saúde e sobre as diferentes possibilidades terapêuticas, a proibição da obstinação
terapêutica, o acesso a cuidados paliativos, nada disto é novo, e ainda bem! O que choca, aquilo que não é
sério é que o CDS nos apresente um projeto que inventa o que está inventado e pretenda que aceitemos que é
uma grande invenção. Não é! É puro tacticismo político! A esse tacticismo político respondemos com coerência,
porque não votamos contra direitos que defendemos e que já estão — e bem! — na lei, e seremos coerentes
com essa posição na votação deste projeto. Mas o nosso voto final será fruto de todo o debate que se vier a
fazer, na especialidade, e do expurgo de truques e de obsessões ideológicas conservadoras que abundam neste
projeto.