7 DE JULHO DE 2017
33
Para não defraudar as legítimas expectativas dos trabalhadores e do povo, criadas com a derrota e o
afastamento do Governo PSD/CDS-PP, é imperativo prosseguir e aprofundar estas medidas de valorização de
direitos e rendimentos, um caminho que exige a rutura com os interesses do capital monopolista e com a
submissão às imposições da União Europeia.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — A Mesa não sabe se dá a palavra à Sr.ª Deputada Cecília Meireles ou à
Sr.ª Deputada Mariana Mortágua, ou vice-versa, ou nem a uma nem a outra. Querem desempatar, Sr.as
Deputadas, ou desempata a Mesa?
Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Cecília Meireles.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Presidente, se o Bloco de Esquerda está constrangido com as
últimas opções orçamentais que fez, o que compreendo…
Risos do PSD.
… e até, caridosamente, vou ajudar.
O Sr. João Oliveira (PCP): — É sempre a mesma coisa!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — É costume haver algum desfasamento entre a nossa discussão da
Conta Geral do Estado e o período em que estamos. Este ano não é exceção.
Gostava também de dizer, como posição pessoal, que o Parlamento passa, de facto, muito tempo a elaborar
relatórios com muito pouca eficácia prática e, portanto, acho que isto devia ser repensado, até porque esta Conta
é um dos momentos em que mais relatórios efetuamos, com muito poucas consequências.
Em relação à Conta Geral do Estado de 2015, e não deixa de ser curioso estar a discutir a Conta de 2015
quando conhecemos já, há pouco tempo, a Conta de 2016, esta é de facto a Conta de um Governo e de vários
Orçamentos que receberam um défice de mais de 11% e deixaram um défice de 3% do PIB, sem o efeito do
BANIF.
É, de facto, a Conta do primeiro ano que se conheceu depois do programa de ajustamento, sem a troica, e
em que muitos diziam que a economia crescia pouco, mas, ainda assim, cresceu mais do que viria a crescer no
ano a seguir. Mas é também a Conta de um ano em que, ao contrário do que sabemos agora que aconteceu
em 2016, havia duas coisas diferentes, sendo a primeira a não existência de cativações de quase 1000 milhões
de euros, num verdadeiro orçamento paralelo e oculto. É que, basicamente, é discutido um orçamento aqui,
durante vários dias, com um processo completo na discussão em sede de especialidade, e depois, na prática,
acontece uma coisa completamente diferente.
Por outro lado, esta Conta tem autores e é importante que o digamos. É que àquilo a que tenho assistido, a
que se assistiu no dia de ontem, com o PCP e o Bloco a fingirem uma enorme surpresa com as cativações, digo:
Srs. Deputados, as contas são resultado dos orçamentos e os orçamentos são resultado do que se aprova. As
cativações, Srs. Deputados, são o resultado da aprovação e de votações que fazem aqui no Plenário. Quanto
ao artigo das cativações, o Bloco votou a favor e, portanto, pode agora dizer que não sabia de nada e que está
muito surpreendido mas, Srs. Deputados, estas cativações, que conhecemos de 2016, de quase 1000 milhões
de euros, têm autores. E os autores não são só aqueles que estão ali sentados, do Partido Socialista,…
Aplausos do CDS-PP.
… são também esses que estão aí sentados, do PCP, do Bloco de Esquerda e de Os Verdes. Há autores
para estes cortes e há autores para a degradação dos serviços públicos que eles provocaram e esses autores
são os senhores que estão aí sentados.
Aplausos do CDS-PP.