7 DE JULHO DE 2017
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2015 é uma exceção, Sr. Secretário de Estado. É uma exceção porque encerra um período determinante
que o País viveu, não por culpa própria mas por culpa dos Governos socialistas anteriores. Por isso, 2015
apresenta um saldo de que nos podemos orgulhar como País.
O Governo herdou, em 2015, um País em procedimento por défice excessivo, em rutura financeira do Estado,
do sistema financeiro e dos privados.
É à luz deste enquadramento que nos orgulhamos que dessa avaliação se possa dizer que o ano de 2015
foi marcado pela continuação da recuperação da atividade económica. Quem o diz, e escreve, não é o PSD, é
a Unidade Técnica de Apoio Orçamental, da Assembleia da República.
Sr. Secretário de Estado, o mesmo não é possível dizer de 2016, em relação a 2015. Por isso, é importante
estarmos agora a discutir a Conta Geral do Estado de 2015 quando foi apresentada já a Conta Geral do Estado
de 2016, pois podemos fazer a comparação e, por sinal, as duas foram elaboradas pelo atual Governo.
Num tempo em que nos dizem que já não há austeridade nem cortes, o que é que verificamos? Agora
chamam-se poupanças setoriais, forma mais elaborada de querer esconder as cativações permanentes. O
Governo não nos quer dizer onde, mas percebe-se onde estão pois na proteção civil, na segurança nacional, na
saúde e na educação elas são mais que evidentes. Repito: na proteção civil, na segurança nacional, na saúde
e na educação as poupanças setoriais, ou cativações permanentes, estão bem evidentes e os resultados
começam também a ser claros, duros, dramáticos e violentos para os portugueses.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Cristóvão Crespo (PSD): — Bem podem o Bloco de Esquerda e o PCP indignar-se, porque isso são
lágrimas de crocodilo de quem aprovou e validou os Orçamentos para 2016 e 2017.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Trigo Pereira.
O Sr. Paulo Trigo Pereira (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Se estivéssemos aqui a discutir a
política orçamental de 2015 obviamente que o voto do Partido Socialista só poderia ser desfavorável.
É que, se relembrarmos o que foi 2015, este foi o ano em que se mantiveram praticamente intactos os cortes
salariais na função pública, manteve-se a sobretaxa do IRS (imposto sobre o rendimentos de pessoas
singulares), mantiveram-se os cortes nas prestações sociais e todas as medidas que, ao contrário do que o
Deputado Cristóvão Crespo acabou de referir, no fundo, concretizavam uma ideia de austeridade expansionista,
que o PSD, durante a sua governação, tentou imprimir à política orçamental. Felizmente, o Tribunal
Constitucional reverteu esta política orçamental.
Protestos do Deputado do PSD António Leitão Amaro.
Mas a Conta Geral do Estado não é a política orçamental do Governo PSD/CDS-PP, é uma conta, ou seja,
é o registo de receitas e despesas e de como elas foram executadas.
Não vamos antecipar já a discussão da Conta Geral do Estado de 2016, porque o que interessa aos
portugueses, mais do que as cativações de que falaremos amanhã com todo o à-vontade, é saber o que
aconteceu à saúde, o que aconteceu à educação e, de facto, nestes itens, a Conta Geral do Estado dá um bom
indicador do que foi a realidade.
O Partido Socialista, na sua avaliação da Conta Geral do Estado, obviamente, tem em conta as
recomendações feitas pelo Tribunal de Contas, e mais de metade das recomendações do Tribunal de Contas
foram acolhidas nesta Conta Geral do Estado, o que é claramente positivo.
Não temos tempo, infelizmente, para discutir aqui em detalhe, e deveríamos ter mais tempo para discutir em
detalhe estas recomendações do Tribunal de Contas. No fundo, e já o dissemos na Comissão de Orçamento,
Finanças e Modernização Administrativa (COFMA) mas não foi aqui, em Plenário, o Partido Socialista considera
que deve ser dado mais relevo à Conta Geral do Estado, quer em sede de COFMA, quer em sede de Plenário,