8 DE JULHO DE 2017
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Mas, Sr. Ministro, da análise que fazemos à Conta Geral do Estado de 2016, constatamos um volume de
cativações muito superior ao volume das cativações dos anos anteriores, e é necessário saber quais foram, em
concreto, os gastos que não se fizeram em 2016, por causa dessas cativações.
Nós analisámos a Conta Geral do Estado e conseguimos perceber, por exemplo, que a rubrica que conheceu
um maior nível de cativos foi «Aquisição e serviços» e também foi nesta rubrica que se verificaram mais cativos
definitivos, mas não conseguimos perceber em que áreas, ou mesmo ministérios, as cativações ficaram mesmo
congeladas.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Leia a página 289 e já fica a perceber!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — É verdade que os anexos da Conta Geral do Estado contêm ainda
informação sobre a distribuição dos cativos finais, mas essa informação, ainda assim, não nos parece
suficientemente detalhada ao ponto de permitir a sua compreensão quando a procuramos cruzar com o resto
do relatório. E o que nos parece importante é que o Governo nos diga em que funções foram aplicados esses
cortes, onde foram aplicados esses cortes.
Importa, sobretudo, saber se essas cativações incidem naquilo a que podemos chamar «gorduras do
Estado», ou se estes cortes podem colocar em causa a qualidade dos serviços públicos prestados aos cidadãos.
Era sobre estas matérias que Os Verdes gostariam que o Sr. Ministro se pronunciasse, apesar do incómodo
do PSD e do CDS.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Neste momento, não há oradores inscritos. Consequentemente, isto configura uma
situação que, a continuar, nos obrigará a passar ao ponto seguinte da ordem de trabalhos.
Pausa.
Inscreveu-se, para uma intervenção, o Sr. Deputado Paulo Sá, do Grupo Parlamentar do PCP.
Tem a palavra, Sr. Deputado.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: A derrota do PSD nas
eleições legislativas de outubro de 2015 significou a derrota da ideia de que não há alternativa aos cortes de
direitos e de rendimentos.
Aplausos do PCP.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
As medidas que, entretanto, foram implementadas, de reposição de direitos e rendimentos, confirmam a ideia
que o PCP sempre afirmou, a de que o caminho de progresso e de desenvolvimento do País tem de ser esse,
o do respeito pelos direitos e rendimentos dos trabalhadores e do povo.
Sabemos que o ataque do anterior Governo PSD/CDS aos direitos dos trabalhadores, aos serviços públicos
e às funções sociais do Estado foi um ataque profundo, com consequências e efeitos graves, que vão ainda
perdurar no tempo, tanto mais longo quanto mais se adiar a rotura com as orientações e opções políticas que
estão na sua origem.
O PCP valoriza os avanços registados no último ano e meio, mas não ignora que, em muitas situações, não
se foi mais longe porque o Governo não rompeu com as opções da política de direita, designadamente em
relação aos problemas estruturais do País, à dívida pública, à submissão ao euro e ao controlo privado da banca
nacional.
Estas opções do Governo deixam o País sujeito a fragilidades e vulnerabilidades face a fatores adversos e
têm como consequência o avolumar de problemas sem resposta ou com resposta parcial.