21 DE SETEMBRO DE 2017
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com o Partido Socialista para procurar as melhores soluções e para estar ao lado dos consumidores do gás de
botija.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Todos os números e todos
os estudos indicam duas realidades das quais não podemos fugir — as famílias portuguesas são as que
suportam a maior fatura energética de toda a Europa e, por outro lado, existem no nosso País muitas famílias
que, literalmente, passam frio durante o inverno.
Um dos fatores que mais pesa nesta injustiça reside exatamente nos pesados custos da energia que as
famílias são obrigadas a suportar. Olhando para um estudo da DECO que tem como base o valor de referência
apurado pela Entidade Nacional para o Mercado de Combustíveis, facilmente concluímos dois elementos
importantes: por um lado, que o gás em botija custa mais do dobro por kWh quando comparado com o gás
natural e, por outro lado, que a diferença entre o preço de referência e o de venda ao público aumentou
exponencialmente. Por isso mesmo, a DECO sugeriu à Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos que
estudasse as variáveis que pesam na formação dos preços.
Mas certo é que uma das causas que contribuem para esta realidade tem a ver com o grande aumento
verificado nas margens de distribuição, uma situação, aliás, a que não é alheio o facto de a distribuição do gás
estar concentrada num reduzido número de operadores. Por isso mesmo, não se verifica qualquer flexibilidade
neste bem essencial para as pessoas, o que tem provocado aumentos exagerados dos preços, sem deixar
qualquer alternativa às famílias, que têm de «comer e calar».
Portanto, o que se tem verificado no setor do gás deve merecer a nossa atenção, não só porque os preços
conheceram aumentos muito acentuados nos últimos 15 anos, como também porque a concentração do
mercado favorece esses aumentos e retira qualquer alternativa aos consumidores.
Acresce ainda não só que os preços apresentam valores muito diferentes entre as várias regiões, como
também é sabido que a evolução dos preços nada tem a ver com o preço da matéria-prima. Segundo a própria
Autoridade da Concorrência, as margens brutas dos comerciantes têm vindo a aumentar em função do reduzido
número de operadores, que mantêm quotas de mercado estáveis, e a ausência de qualquer flexibilidade
relativamente à procura do gás deixa as pessoas completamente amarradas.
Ora, uma vez que o gás natural é um bem essencial, assim tem de ser encarado, e, uma vez que estamos
perante uma situação em que as famílias não têm quaisquer instrumentos de defesa, porque precisam do gás,
não devem continuar à mercê dos operadores. Por isso mesmo, esta Assembleia tem de procurar respostas que
coloquem alguma moralidade neste setor. Aliás, todos os estudos das mais diversas entidades sugerem a
necessidade de tomar medidas legislativas, não só para garantir o controlo dos preços de venda ao público
como também para contrariar a tendência de concentração do mercado.
Por isso, Os Verdes saúdam os autores das propostas e acompanham as iniciativas legislativas em
discussão, uma vez que, ainda que de formas diferentes, procuram dar resposta aos problemas sentidos no
setor do gás, procuram proteger os consumidores, procuram proteger as famílias.
Aplausos de Os Verdes e de Deputados do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção ainda neste ponto, tem a palavra o Sr. Deputado
Hélder Amaral, do CDS.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr. Presidente, pensei que íamos seguir a ordem de apresentação para
o encerramento.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — É o que estamos a fazer, Sr. Deputado.