I SÉRIE — NÚMERO 6
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As forças e serviços de segurança, que estão a braços com falta de meios técnicos, de meios de proteção
individual, sem carros, com infraestruturas degradadas, são confrontadas com a absoluta deriva de um
Ministério, que, quando faz alguma coisa, normalmente faz mal e que, na maioria das vezes, ignora
olimpicamente os problemas e não dá conta de nenhum dos recados.
Por isso, termino como comecei, dizendo que o CDS irá empenhar-se em estudar as melhores soluções:
soluções que não atirem para os serviços jurídicos o que pertence ao campo da medicina; soluções que não
prefiram a poupança às pessoas; soluções que não empurrem as pessoas para o abismo, que tantas vezes leva
a situações drásticas e últimas, como é o caso dos suicídios.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Terminarei, Sr. Presidente.
Portanto, empenhar-nos-emos em soluções que sirvam as necessidades mais básicas destes profissionais,
a quem, desta bancada, prestamos o nosso tributo e deixamos um enorme bem-haja.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado José Luís
Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: As minhas primeiras
palavras são para, em nome do Partido Ecologista «Os Verdes», saudar os milhares de cidadãos que
subscreveram as duas petições que hoje estamos a discutir, em particular aqueles que nos acompanham hoje
nestes trabalhos.
Queria estender esta saudação, naturalmente, às associações sindicais que promoveram estas duas
petições, não só pelo facto de terem dinamizado as petições, mas também por todo o trabalho que, ao longo do
tempo, têm vindo a desenvolver na defesa dos direitos dos profissionais de polícia.
Os peticionários, homens e mulheres que, todos os dias e a todas as horas, trabalham para garantir a
normalidade democrática e para assegurar a vida em sociedade, fazem uso deste excelente instrumento da
democracia participativa, que é a petição, com o propósito de verem reconhecido o risco e o desgaste rápido na
profissão do profissional de polícia.
Quando falamos do reconhecimento do risco e do desgaste rápido, falamos do reconhecimento meramente
formal ou legislativo, porque, na verdade, todos, certamente, reconhecemos que os profissionais da polícia
desenvolvem uma profissão de risco e de desgaste rápido. E se os profissionais da polícia desenvolvem, de
facto, esse tipo de trabalho, isso significa que o poder legislativo está em falta para com eles, porque não
reconheceu ainda, no plano legal, aquilo que é evidente para todos.
Ora, é esta falha que importa ultrapassar, é esta injustiça que se impõe remover, o que passa,
nomeadamente, pela inclusão de «profissão de desgaste rápido» no estatuto profissional da Polícia de
Segurança Pública.
Na verdade, os profissionais da polícia desenvolvem uma atividade tantas vezes sujeita a um grande stress,
um trabalho que exige, até, o uso de armas de fogo e que tem de ser desenvolvido independentemente das
condições climatéricas. Faça chuva ou faça sol, com frio ou com calor, seja de noite ou de dia, os profissionais
da polícia têm de ir para a rua desenvolver a sua atividade, desenvolver as suas funções como forma de garantir
a tranquilidade social.
Tantas vezes sujeitos a grandes pressões, os profissionais da polícia estão sujeitos a horários em regime de
turnos, a trabalho noturno e ao fim de semana, o que naturalmente provoca um grande desgaste emocional,
mas também físico.
É, portanto, a nosso ver, inteiramente justo que esta Assembleia da República, porque não tem de ser o
Governo — e parece-me até pouco sensato que se remeta essa responsabilidade para o Governo —, que tem
toda a competência para o fazer, inclusivamente porque até há um projeto de lei nesse sentido…
A Sr.ª Carla Cruz (PCP): — Muito bem!