12 DE OUTUBRO DE 2017
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matéria no sentido de que o convívio entre animais e humanos seja sempre marcado por um clima de
tranquilidade e de respeito.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Ainda para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Hugo
Pires.
O Sr. Hugo Pires (PS): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: As sociedades mais
desenvolvidas têm feito, ao longo dos tempos, progressos assinaláveis relativamente à defesa, à proteção e ao
enquadramento dos animais de companhia nos modos de vida contemporâneos.
Na maior parte dos Estados-membros da União Europeia, o tema que hoje aqui discutimos — a permissão
de entrada de animais de companhia em estabelecimentos comerciais — é, já há algum tempo, uma realidade.
Hoje, nesta Câmara, damos mais um passo importante em matéria de política animal.
Tal como diz o texto da petição ora discutida, «os animais fazem cada vez mais parte da vida dos
portugueses».
O Grupo Parlamentar do Partido Socialista é, por isso, sensível aos argumentos apresentados pelos cerca
de 5000 portugueses que assinaram esta petição, bem como aos projetos de lei que o PAN, o Bloco de Esquerda
e o Partido Ecologista «Os Verdes» apresentaram nesse mesmo sentido.
Sim, concordamos com um regime voluntário que estabeleça a permissão de entrada de animais em
estabelecimentos comerciais, e sublinhe-se o «voluntário». Cada um de nós poderá optar se frequenta ou não
um estabelecimento «pet friendly».
Não, não concordamos que o ponto de partida seja a universalização da entrada em todos os
estabelecimentos e que aqueles que não queiram receber animais coloquem um dístico à porta a proibir a sua
entrada.
Ao invés, entendemos que é preferível uma comunicação pela positiva, em que os estabelecimentos
comerciais que queiram receber animais de companhia possam usar um dístico «pet friendly», afirmando assim
a vontade de os receber nos seus estabelecimentos comerciais.
Não descuramos, no entanto, a necessidade de concretização de determinadas definições, como, por
exemplo, a de «animais de companhia». Afinal, de que animais estamos a falar? Apenas cães e gatos ou
também outros animais?
Mais: consideramos que este regime deverá prever algumas medidas e procedimentos específicos para estes
espaços «pet friendly», tais como: os animais não poderão circular livremente nos estabelecimentos comerciais;
os animais não poderão permanecer nas zonas de serviço e em locais onde estão expostos alimentos; as
características do animal; um eventual comportamento agressivo perante outros animais; uma eventual doença
ou falta de higiene do animal poderá motivar o responsável do estabelecimento a não permitir a sua permanência
no local; e, por último, deverá ser fixado um número-limite de animais que possam estar dentro de um
estabelecimento comercial, em simultâneo.
Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: Apesar de concordarmos com o espírito das iniciativas, julgamos que a
discussão na especialidade será muito relevante para concretizar e melhorar os aspetos suprarreferidos.
Assim, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista apresentará propostas de alteração a estas iniciativas, com
a convicção de que o seu contributo para o texto final salvaguardará os interesses dos animais, dos
consumidores e dos proprietários dos estabelecimentos comerciais.
Aplausos do PS e da Deputada do PCP Ana Virgínia Pereira.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem, ainda, a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada
Maria Manuel Rola.
A Sr.ª Maria Manuel Rola (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Gostava de esclarecer que, para o Bloco
de Esquerda, não se trata de uma questão da livre iniciativa do mercado mas, sim, do direito dos animais ao
espaço urbano.