14 DE OUTUBRO DE 2017
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Ontem, há menos de 24 horas — repito, há menos de 24 horas —, recebemos este Relatório. Este Relatório
produzido por uma Comissão Técnica Independente, proposta pelo PSD e a que todos demos, o Executivo
inclusive, o total apoio.
Mas, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados, debater um relatório com esta dimensão, com esta profundidade e
com esta complexidade a menos de 24 horas de ser conhecido não pode ser um debate sério.
Aplausos do PS.
Não pode ser um debate sério e, para mim, constitui um desrespeito para com a Comissão Técnica
Independente e também um desrespeito para com os Srs. Deputados que marcaram para o dia 27 um debate
sobre esta matéria.
Aplausos do PS.
Portanto, pretender analisar, tirar conclusões, em menos de 24 horas de ser conhecido, de um relatório com
esta dimensão e esta complexidade é manifestamente pouco sério.
Aplausos do PS.
No entanto, Srs. Deputados, o PSD exigiu a minha presença aqui, neste Parlamento, poucas horas depois
de ter tido conhecimento deste complexo Relatório, o que, de facto, não pode ser tido como uma chamada para
um debate sério.
Tirar conclusões de um relatório que ninguém, repito, ninguém, teve oportunidade, nem tempo, de analisar
com seriedade e cuidado é algo a que me recuso. Também não vou tirar conclusões de notícias da comunicação
social baseadas em parágrafos soltos, avulsos e descontextualizados.
A única coisa que temos e que podemos analisar com alguma seriedade é a nota à comunicação social,
produzida pela própria Comissão Técnica Independente, e desta nota resulta claramente que houve falhas.
Em primeiro lugar, desde logo, falhou a prevenção estrutural. Mas esta é uma falha que já tem anos e, por
isso, muito antes desta tragédia, este Governo propôs e adotou medidas legislativas no âmbito da reforma
florestal.
Também resulta deste Relatório que o ataque inicial ao fogo falhou…
O Sr. Emídio Guerreiro (PSD): — Afinal, leram!
A Sr.ª Ministra da Administração Interna: — … e que, não tendo sido extinto rapidamente, o seu
crescimento rápido e incontrolável foi muito superior à capacidade de extinção.
Também da leitura desta nota podemos facilmente concluir, e fica claro, que a maioria das mortes se deveu
a um fenómeno meteorológico extremo — o downburst —, que conduziu a uma situação absolutamente
incontrolável, imprevisível e que, passo a citar, «não poderia ser prevista por nenhum serviço de proteção civil
do mundo».
Outra conclusão que podemos retirar é a de que falharam, de facto, medidas de proteção civil preventivas,
que não existem neste País. E, por isso, muito antes desta tragédia já este Governo estava a trabalhar numa
estratégia de proteção civil preventiva, que tem como um dos seus pontos fundamentais a questão do aviso às
populações.
Protestos do Deputado do PSD Emídio Guerreiro.
Ó Sr. Deputado…
Também resulta, claramente, que não temos capacidade instalada no âmbito do conhecimento e do domínio
do comportamento dos fogos. É verdade que, no passado, tivemos algo parecido com esta capacidade que é
referida na nota à comunicação social, que foram os Grupos de Análise e Uso do Fogo, os GAUF, equipas que
deixaram de existir por determinação da, então, Ministra da Agricultura, Assunção Cristas.