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14 DE OUTUBRO DE 2017

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O Sr. Nuno Serra (PSD): — Surreal, Srs. Deputados, é o PS, o Bloco de Esquerda e o PCP terem decidido,

nesta quarta-feira, que as indemnizações aos que tudo perderam nestas catástrofes deveriam ser tratadas como

se nada de anormal tivesse ocorrido no nosso País e que a reparação desses bens e danos ficasse condicionada

ao apuramento de responsabilidades do Estado, portanto, «para as calendas».

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Não é surreal mas, sim, inqualificável que, depois do fracasso da reforma da

floresta, depois dos incêndios de grandes dimensões que flagelaram o País e que trouxeram consequências

dramáticas a muitas famílias, depois de terem obstaculizado que se iniciasse já o processo de atribuição de

indeminizações às vítimas destes incêndios e depois da apresentação do Relatório da Comissão Técnica

Independente que mostra que houve falha clara do Estado, este Governo e esta maioria de esquerda ainda não

tenham, num único momento, pedido desculpa ao País e às pessoas.

Mais: é inqualificável que não tenham assumido as suas responsabilidades políticas.

Aplausos do PSD.

Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente José Manuel Pureza.

O Sr. Presidente: — Tem agora a palavra, em nome do Grupo Parlamentar do CDS, a Sr.ª Deputada Patrícia

Fonseca.

A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Como é do conhecimento de

todos, o CDS, com o PSD, apresentou em setembro de 2016 um projeto de lei para a criação de um sistema

nacional de informação cadastral que foi alvo de um vasto conjunto de audições a todas as entidades relevantes,

talvez mais de duas dezenas, mas, orgulhosamente, o Governo e a bancada parlamentar do PS, com o apoio

da esquerda, decidiram legislar contra tudo e contra todos, como ouvimos o Sr. Ministro da Agricultura dizer,

tendo o mesmo sido chumbado pelos partidos que suportam o Governo.

O Governo optou por fazer um cadastro simplificado, mas, mesmo assim, no final, ainda reduziu o âmbito da

ação desse mesmo cadastro a um projeto-piloto aos 10 concelhos que foram afetados pelos grandes incêndios

de 2016 e de 2017 que tinham ocorrido até à data da aprovação da lei, que foi em junho.

Ora, acontece que, se é verdade que o incêndio de Pedrógão Grande, Góis e dos concelhos limítrofes teve

uma terrível dimensão humana, é também verdade que, apesar da sua grande e não desprezível dimensão

territorial, o impacto, em termos de proporção de área ardida, foi igual ou menor do que noutros concelhos que

arderam posteriormente à publicação da lei e que eram até muito bons exemplos de gestão florestal.

É assim da mais elementar justiça, considera o CDS, estender este projeto-piloto aos restantes concelhos

que tiveram grandes incêndios em 2017.

Paralelamente, o CDS apresenta aqui também hoje um outro projeto de resolução onde recomenda ao

Governo que reforce o apoio ao investimento em redes de defesa da floresta contra incêndios, quer nas áreas

privadas, porque 97% da floresta portuguesa é privada, e aqui, por reforço urgente da ação 8.1.3. do PDR 2020,

quer também nas áreas de domínio não privado, por via do Programa Operacional Sustentabilidade Eficiência

e Uso dos Recursos, vulgo, POSEUR, que ainda — pasme-se! — só abriu quatro concursos num total de 11

milhões de euros.

O CDS também exorta o Governo a procurar novas fontes de funcionamento para estes investimentos que

são de escala territorial relevante, com impacto significativo no território, nomeadamente nos fundos da coesão

ou mesmo por via do «plano Juncker» e, inclusivamente, na negociação do futuro quadro comunitário de apoio.

Este é, aliás, um dos desafios também elencados no relatório que ontem foi apresentado pela comissão

técnica independente para melhorar a prevenção florestal.

Aplausos do CDS-PP.

O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Carlos

Matias.