14 DE OUTUBRO DE 2017
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Aplausos do PSD.
Conhecido este Relatório, o tempo da «lei da rolha», do silenciamento, da indignidade, do «sacudir a água
do capote» esgotou-se. Não há mais espaço para adiar ou fugir à assunção de responsabilidades, que são
evidentes, e para delas ter a hombridade de extrair as devidas consequências.
Sem mais desculpas esse é um imperativo e uma obrigação que mais não podem ser adiados pelo Estado,
Estado que, através dos seus agentes, autoridades públicas e dos seus responsáveis, falhou, não esteve à
altura das suas obrigações para com os cidadãos. E falhou — diz-nos esse Relatório — não num pormenor ou
por um azar do acaso. Não, Sr.ª Ministra e Srs. Deputados! Foram as escolhas, as opções, o seu desrespeito
por boas práticas e normas consolidadas, o seu desnorte, a sua falta de liderança, quando ela era mais precisa,
que potenciaram a catástrofe que se abateu e vitimou aquelas pessoas e as suas comunidades.
Aplausos do PSD.
Tudo isso está cruamente relatado e documentado no Relatório da Comissão Técnica Independente, relatório
esse cuja leitura, em alguns dos seus trechos, nos faz, dolorosamente, reviver um perfeito filme de terror.
Aquilo que agora nos deve mobilizar sem reservas é a humildade na assunção de responsabilidades, sejam
operacionais, de comando ou políticas, e a solidariedade efetiva na reparação que é devida às vítimas.
Cabe ao Sr. Primeiro-Ministro, enquanto último responsável, determinar a extensão e as necessárias
consequências dessas responsabilidades, como lhe cabe um, há meses já devido e, agora, incontornável,
pedido de desculpas, em nome do Estado, a todos a quem ele falhou.
Aplausos do PSD.
Mas está no âmbito das competências desta Assembleia legislar para que a reparação devida comece a ser
uma realidade para as vítimas. Por calculismo ou por falta de visão já se perderam mais de três meses. Não é
eticamente aceitável continuar a empurrar com a barriga o processo indemnizatório, principalmente depois de
conhecido este Relatório e a clareza da sua responsabilização à atuação dos agentes do Estado.
Vamos, por isso, requerer a avocação pelo Plenário da votação dos artigos que, antes de este claro apontar
de responsabilidades às autoridades públicas, a maioria entendeu rejeitar em sede de Comissão.
É um emendar de mão que será uma primeira consequência política que este Relatório e o seu conteúdo
tornaram imperativa.
Temos de saber assumi-la como uma obrigação, como uma obrigação do Estado que não pode senão agir
como uma pessoa de bem.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Fernando Rocha Andrade.
O Sr. Fernando Rocha Andrade (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em junho deste ano, face
à tragédia do incêndio de Pedrógão Grande, a Assembleia da República, consensualmente, entendeu que era
necessário um esclarecimento, obtido de forma isenta e credível, tendo para o efeito designado uma comissão
técnica.
Perante o Relatório ontem entregue, há que concluir que, independentemente de excecionalidade do
incêndio de Pedrogão Grande na sua violência e na assinalável dimensão, que é identificada no Relatório,
independentemente de imprevisibilidade do fenómeno meteorológico, que determinou o comportamento do fogo
na sua fase mais crítica, e independentemente da dificuldade de estabelecer um preciso nexo de causalidade
entre cada uma das falhas apontadas e a perda de vidas, é manifesto que houve falhas operacionais…
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — E de comando! Houve falhas de comando!