I SÉRIE — NÚMERO 11
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pão. O pão, em Portugal, é feito com farinha produzida na União Europeia sem OGM, a não ser um evento, um
específico só, um exclusivo.
O que o enquadramento legal vigente prevê é a não obrigatoriedade de menção dos OGM no rótulo no caso
de ser tecnicamente inevitável ou impossível excluir a existência fortuita de vestígios abaixo do tal limiar de
0,9%, que é menos de 1%.
Já em 2000, Os Verdes apresentaram o projeto de resolução n.º 37/VIII, que recomendava, precisamente, a
rotulagem obrigatória, e que foi aprovado. Atualmente, no caso das rações para animais, queria referir, para
terminar, a razão pela qual os produtos animais não podem conter rotulagem — os senhores não sabem porquê:
é porque a proteína é digerida e não é cientificamente possível detetar a presença de OGM na carne, no leite e
nos ovos.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem de concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — Estou a terminar, Sr.ª Presidente.
Essa é a razão pela qual esses três alimentos são excluídos da rotulagem.
Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado João Ramos do
PCP.
O Sr. João Ramos (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Os organismos geneticamente modificados
têm merecido várias intervenções do Grupo Parlamentar do PCP desde a VIII Legislatura. Através dessa
intervenção, o PCP tem dado a sua visão relativamente aos OGM. Para o PCP, é dispensável a produção de
OGM, admitindo a sua utilização para fins científicos, medicinais ou de relevante interesse público.
Os OGM são de grande interesse para as multinacionais que os comercializam e para o agro-negócio,
sempre ávido por mais lucros e preocupações ambientais mínimas.
A agricultura dos OGM não é a que mais interessa ao País, em que a larga maioria das explorações e dos
agricultores se inclui na agricultura familiar, agricultura de pequena e média dimensão, uma agricultura em que
é a produção tradicional e convencional que melhor se adequa às suas caraterísticas, às condições produtivas
e às necessidades do País, dando resposta a uma produção de qualidade e diversidade que uma agricultura de
OGM não tem condições para assegurar.
O conhecimento atual sobre os OGM e a realidade continuam a exigir a aplicação do princípio da precaução
quanto a estes organismos. Não está garantido, muito pelo contrário, que não haja efeitos dos organismos
geneticamente modificados no ambiente, nas culturas, na saúde.
Por isso, face às condições em que os OGM são produzidos, com a decisão da sua utilização pelo Estado
português, com o direito a plantá-los a sobrepor-se ao direito a não os plantar, mais necessário se torna a
proteção aos consumidores e, por isso, é fundamental disponibilizar toda a informação necessária, para que os
cidadãos possam tomar as decisões que considerem mais adequadas.
Assim, o Grupo Parlamentar do PCP acompanha a preocupação colocada pelo agendamento do Partido
Ecologista «Os Verdes», o seu projeto e os restantes projetos em discussão e concorda que a rotulagem de
produtos alimentares para consumo humano deve ser muito clara quanto à informação relativa à composição
dos produtos.
Entendemos que o processo de especialidade pode e deve conciliar formulações dos diferentes projetos. O
PCP assume a sua posição de frente face aos OGM, contribuindo para reforçar as precauções relativamente à
utilização destes organismos.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — A concluir o debate, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.