I SÉRIE — NÚMERO 14
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propostas que, acompanhando as do Governo, sejam apresentadas pelas várias bancadas a propósito deste
debate.
Portugal não admitirá que nos dividamos em torno desta tragédia. Os portugueses, as vítimas, aqueles que
vivem nas regiões mais diretamente atingidas exigem respostas imediatas e exigem que se garanta o
ressarcimento de prejuízos do que foi afetado e que, até ao próximo verão, sejam adotadas alterações
estruturais na prevenção e na preparação do combate; exigem que trabalhemos pelo futuro, pelo futuro de uma
floresta amiga das pessoas, sustentável, que seja fator de desenvolvimento para um interior enquanto espaço
de oportunidade, de competitividade e espaço de solidariedade.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Sr. Ministro, a Mesa regista a inscrição do Sr. Deputado Jorge Machado e da Sr.ª
Deputada Sandra Cunha para formularem pedidos de esclarecimento.
Tem a palavra, em primeiro lugar, o Sr. Deputado Jorge Machado.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Ministro, a tragédia de Pedrógão Grande
e os problemas vividos no âmbito da proteção civil interpelam uma profunda reflexão sobre alteração do modelo
de proteção civil que temos e uma reflexão sobre as respostas que o nosso País dá em situações de emergência.
As decisões do Conselho de Ministros suscitam dúvidas que importa esclarecer.
O Relatório aponta falhas graves na estrutura de comando da Proteção Civil. O Governo criou, ou vai criar,
uma unidade de missão. Entendemos que deixar esta matéria fechada, entregue a um círculo restrito de pessoas
sem ouvir terceiros é perigoso. Nesse sentido, entendemos que esta unidade de missão deve ser monitorizada
e as suas propostas escrutinadas e discutidas. A pergunta que deixamos é se o Governo está disponível para
este mesmo desafio.
Uma segunda preocupação tem a ver com a necessidade de clarificação das medidas num âmbito mais vasto
da Proteção Civil. Importa discutir que bombeiros é que temos, que bombeiros é que queremos para o País e a
necessidade de articular a existência de bombeiros profissionais com o papel insubstituível, que deve ser
valorizado, dos bombeiros voluntários.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Uma preocupação que registamos é a indefinição quanto ao modelo e
operacionalização da transferência dos meios aéreos para a Força Aérea. O PCP sempre defendeu que a nossa
Força Aérea fosse capacitada para ajudar no combate, mas a verdade é que, neste momento, a Força Aérea
não tem nem os meios nem os recursos humanos capacitados para o fazer, pelo que importa perceber como e
quando é que vão ser transferidos os meios aéreos e como é que se vai operacionalizar essa mesma
transferência.
Por fim, Sr. Ministro, uma pergunta sobre o envolvimento dos municípios. Entendemos que devem ser
envolvidos na discussão do modelo e a pergunta que fazemos é no sentido de saber se o Governo está
disponível para ouvir também os municípios, que têm um papel insubstituível na rede da proteção civil.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Srs. Deputados, a Mesa está informada de que o Sr. Ministro responderá em conjunto,
pelo que tem a palavra, ainda para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada Sandra Cunha.
A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — Sr. Presidente, Sr. Ministro da Administração Interna, em primeiro lugar, uma
palavra de solidariedade, de imensa solidariedade para com os familiares das vítimas dos incêndios deste Verão
em Pedrogão Grande e dos últimos vividos há pouco mais de 15 dias.
Reconhecemos o importante trabalho da Comissão Técnica Independente no Relatório que desenvolveu e,
em especial, as recomendações que nele estão contidas para melhorarmos a capacidade de prevenção e
combate aos incêndios florestais para que tragédias como as que tivemos neste Verão não se voltem a repetir.