I SÉRIE — NÚMERO 22
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no Balcão 2020 que permita a estas empresas, a estes agentes económicos, acederem a esses fundos de uma
forma mais rápida e de uma forma mais expedita, nos outros casos é essencial que seja criada uma linha de
financiamento específica que possa, de algum modo, responder a esse desafio.
Além destas medidas urgentes e necessárias, é fundamental, também, criar alguns instrumentos para médio
e longo prazo. Desde logo, um programa de animação e de desenvolvimento local que permita a estes territórios
relançarem dinâmicas de desenvolvimento, apostarem na formação, na inovação e na dinamização económica
empresarial.
Também deve ser criado um programa que permita reconstruir as aldeias. Ficámos hoje a saber que, dois
meses depois, há muitas aldeias que ainda que não têm sequer telefone, televisão, enfim, um conjunto de
serviços fundamentais que ainda não estão restabelecidos.
Ora, o programa que aqui apresentamos tem como objetivo apoiar a requalificação do espaço público, apoiar
a requalificação das infraestruturas e apoiar as próprias reconstruções das edificações, e muitas delas não estão
abrangidas nesta fase inicial.
Finalmente, Sr.as e Srs. Deputados, temos um instrumento no Portugal 2020 que pode ser canalizado de
forma eficaz para garantir estas dinâmicas de desenvolvimento. O ProDer (Programa de Desenvolvimento
Rural), que é um programa do Portugal 2020, pode ser reorientado para canalizar e dinamizar estas
oportunidades e, de alguma forma, para criar aquilo que é fundamental, que é criar valor, criar emprego que
permita a estas populações retomar a sua vida normal, retomar, sobretudo, um sinal e um sentido de esperança
que lhes faz falta neste momento.
Sr.as e Srs. Deputados, mais do que anúncios e promessas, as populações e os agentes económicos
precisam de medidas concretas, de soluções adequadas.
O Partido Socialista, que faltou a este debate, tem aqui a oportunidade, além dos seus interesses políticos,
dos preconceitos ideológicos e da soberba política, de dar um sinal claro de que o proclamatório sentido dos
grandes consensos nacionais é mais do que palavras e tem consequências concretas. Aguardamos que o
Partido Socialista seja consequente e vote favoravelmente as propostas do Partido Social Democrata.
Aplausos do PSD.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente Jorge Lacão.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Quando os incêndios lavram
no País, consumindo milhares e milhares de hectares de floresta e ameaçando pessoas e bens, torna-se para
todos claro e evidente de que algo vai mal na floresta e que é urgente uma mudança na política florestal.
Se dúvidas houvesse, bastaria olhar para o que nos aconteceu durante este prolongado e trágico verão, que
mais parecia eterno.
De facto, o que se passou este ano com os incêndios, obriga-nos, desde já, a procurar formas de garantir
que é na própria floresta que reside a prevenção dos incêndios e qualquer mudança tem de passar forçosamente
por este elemento central.
Para isso, é absolutamente necessário, para Os Verdes, passar a sustentar a política para o setor numa
visão global e integrada da floresta, assente no reconhecimento e valorização das suas multifunções,
nomeadamente ao nível ambiental, climático, social, cultural, paisagístico e económico.
Mas o reconhecimento do importante recurso económico que a floresta representa para o País não pode
nem deve ser incompatível com a defesa e a valorização das outras funções que a floresta desempenha.
Torna-se necessário romper de vez com políticas que assentam numa visão meramente economicista, de
curto prazo, e que beneficiam exclusivamente alguns setores económicos restritos, onde prevalecem as
celuloses.
Foi, aliás, na base destes pressupostos que Os Verdes se empenharam em colocar na agenda política o
imperativo de travar a expansão da área de plantação do eucalipto.