30 DE NOVEMBRO DE 2017
21
Um primeiro projeto, como já aqui foi referido pelo Deputado Telmo Correia, para a majoração das ajudas às
raças autóctones afetadas pelos incêndios, um segundo, para a harmonização dos apoios aos agricultores
afetados entre os dois períodos de incêndios e também entre o setor agrícola e os outros setores de atividade,
um terceiro projeto, com medidas para a mitigação da erosão dos solos e, um último, para a salvaguarda do
pagamento do tempo de trabalho extra que as equipas de sapadores florestais prestaram, em termos de serviço
público.
No que respeita às raças autóctones, é importante dizer que os quase 500 000 ha de área ardida em 2017 e
o impacto dos incêndios, essencialmente, de outubro levaram à morte de cerca de 8 000 a 10 000 ovelhas, como
já aqui foi referido, sendo a grande maioria de raças autóctones e muitos delas responsáveis pela produção do
queijo da serra DOP (Denominação de Origem Protegida).
Por isso, o CDS entende que o Estado não pode limitar-se a não penalizar os agricultores por eles não
cumprirem os compromissos, em termos de número de animais candidatos, e propõe que haja uma majoração
nas ajudas aos agricultores destas regiões com compromissos agroambientais.
É talvez importante reter um conjunto de números que aqui deixo: na região Centro, há cerca de 32 000
ovinos e caprinos com compromissos agroambientais, segundo os relatórios da AGPDR (Autoridade de Gestão
do Programa de Desenvolvimento Rural), metade dos quais são ovelhas das raças elegíveis para o queijo da
serra DOP.
A região Centro recebe apenas cerca de 11% das verbas das raças autóctones. Estas verbas já estão
comprometidas no PDR (Programa de Desenvolvimento Rural) e, por isso, a proposta do CDS não tem qualquer
tipo de impacto orçamental, nem no PDR nem em termos do Orçamento do Estado.
É, pois, da mais elementar justiça majorar os apoios às raças autóctones dos produtores que foram afetados
pelos incêndios.
A Sr.ªIsabel Galriça Neto (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — O segundo projeto foi apresentado por não ser compreensível que os
agricultores afetados pelos incêndios de junho com prejuízos até 5000 € tenham apenas de fazer uma
candidatura simplificada para serem ressarcidos dos seus prejuízos — porque puderam contar com a
solidariedade dos portugueses e da sociedade civil — e os agricultores afetados pelos incêndios de outubro
tenham de resignar-se à falta de solidariedade do Estado, sendo que apenas alguns dos que tiveram prejuízos
abaixo dos 5000 € podem usufruir de uma candidatura simplificada, tendo todos os outros de candidatar-se ao
PDR, com toda a burocracia e custos adicionais associados.
Para o CDS, também não é compreensível que os industriais e os empresários que sofreram prejuízos, por
exemplo entre 50 000 € e 200 000 €, tenham 85% de taxa de comparticipação de fundos comunitários nas suas
candidaturas para reposição do potencial produtivo e os agricultores, que são igualmente empresários, diga-se,
só recebam 50% de apoio.
Também não é compreensível que acima desse montante, 200 000 €, uns, portugueses de primeira, recebam
70% do apoio e outros, portugueses de segunda, recebam 50% do apoio e com um teto máximo de 400 000 €.
Pergunto, Srs. Deputados, se é isto que o Governo considera valorização do interior, coesão territorial e
coesão social.
A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — O terceiro projeto que o CDS apresenta nestas áreas pretende
assegurar que são alocadas as verbas necessárias para fazer face aos investimentos de estabilização de
emergência pós-incêndio, para minimizar os impactos das primeiras chuvas na erosão dos solos.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Exatamente!
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — Foram já anunciadas algumas medidas por parte do Governo mas
são essencialmente projetos-piloto e é urgente que sejam implementados em maior escala. A chuva, tão