I SÉRIE — NÚMERO 22
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Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra o Sr. Deputado Santinho Pacheco, do PS.
O Sr. SantinhoPacheco (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A destruição provocada pelos
incêndios deste ano teve um impacto profundo sobre uma sociedade e um tecido económico já muito
enfraquecido. Encontramo-nos agora perante o desafio de uma geração. Tão grande como a tragédia foi o
empenho do Governo, das autarquias, da sociedade portuguesa em geral. Portugal não falhou! Quem tem
acompanhado com mediana atenção a estratégia de oposição do PSD chegará à conclusão que ela assenta na
ideia-base do quanto pior melhor, do diabo a chegar, e altera a tática na questão dos incêndios, preferindo uma
colagem ao bom desempenho do Governo e aos resultados positivos da ação governativa.
Na indemnização às vítimas mortais e feridos graves, o Governo fez o seu caminho e cumpriu a sua
obrigação. Hoje, já há montantes determinados, na base dos 70 000 €, e será a Sr.ª Provedora de Justiça a fixar
o valor caso a caso.
O Sr. Presidente da República quer mesmo tudo liquidado e o dossier encerrado até ao final do ano.
Decidido? Ótimo! Mas não para todos.
O PSD ainda tem o seu projeto na 7.ª Comissão, o que demonstra que o essencial não é a indemnização às
vítimas e suas famílias mas, sim, o partido ser notícia, e poderíamos multiplicar os exemplos. Muitas das suas
propostas que constam da ordem do dia de hoje não passam de cortinas de fumo à atividade do Governo no
terreno. É o caso do projeto de lei n.º 662/XIII, que cria um programa de apoio às vítimas dos incêndios para
recuperação do parque habitacional.
Os objetivos deste diploma já foram salvaguardados através do Fundo REVITA e do Decreto-Lei n.º
142/2017, que cria o Programa de Apoio à Reconstrução de Habitação Permanente no que respeita à primeira
habitação, cabendo aos municípios, conforme estabelece o Orçamento do Estado, no artigo 120.º-G, os apoios
à segunda habitação. Assim, a presente iniciativa é redundante e não se reveste de qualquer mais-valia ou
utilidade para a vida das populações.
Em resumo, foram já contempladas, em sede de Orçamento do Estado para 2018 e em legislação diversa,
medidas adequadas ao apoio às vítimas dos incêndios em matéria de habitação e estão concluídas, em
execução ou em fase de lançamento muitas dezenas de lares em todo o território da catástrofe.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A recomendação ao Governo do CDS ao Governo para criação de
uma unidade de missão para a reconstrução levanta séries dúvidas quanto à sua eficácia. A multiplicidade e
diversidade dos programas e medidas já no terreno não se compadece com a criação de uma estrutura que
apenas seria a um nível intermédio de relacionamento quando a ligação pode ser direta entre os privados e a
administração central e local. Essencial será definir com rigor e objetividade os programas e medidas a aplicar,
bem como os termos de coordenação ao mais alto nível do Governo, particularmente quando envolvam órgãos
e serviços de diferentes ministérios.
Quanto a vários projetos de resolução, como o que recomenda ao Governo que promova uma nova política
florestal nacional, quando todos sabemos que o Governo tem a sua própria política florestal, ou o que recomenda
medidas de combate à erosão das encostas, consequência dos incêndios, medidas essas já em curso no âmbito
da medida 8.1.4 do PDR 2020, com um montante disponibilizado de cerca de 50 milhões de euros, não passam
de meros emplastros legislativos para iludir incautos e marcar a agenda para constar.
Em suma, também nas ordens do dia da Assembleia da República quantidade não rima com qualidade
legislativa. Há dias assim: muita parra e pouca uva!
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Vânia Dias da Silva, do CDS-PP.
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Se é verdade que este
debate não começa aqui e agora, nem acabará aqui e agora, todos sabemos, não é menos verdade, no que aos