30 DE NOVEMBRO DE 2017
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projetos hoje em discussão diz respeito, ou pelo menos à maioria deles, que devia já estar encerrado, com todos
os programas e medidas operacionais aprovados.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Lembro, Sr.as e Srs. Deputados, que tudo é tarde demais para quem
espera e desespera.
Note-se que tudo o que possamos fazer não apaga a tragédia e o sofrimento, mas pode ajudar a atenuá-lo
e a fazer as pessoas seguir em frente.
Mas, não, para este Governo e para esta maioria, as pessoas são o que menos importa. Para este Governo
e para esta maioria importam os números. Para este Governo e para esta maioria importam ganhos políticos de
cada partido que a compõem. Para este Governo e para esta maioria importam os panfletos e a maratona da
propaganda das medidas que cada um faz aprovar. O que é melhor para as pessoas, o que melhor serve os
seus interesses, o que mais rapidamente as pode ajudar, isso conta muito pouco ou quase nada!
Se as propostas foram da maioria, boas ou más, as do PS seguem, as do BE, PCP e Os Verdes são
aprovadas e chumbadas de modo a compor um ramalhete de que nenhum se possa queixar muito mas que,
ainda assim, deixe algum capital de queixa para se manterem à tona e fazerem o jogo do costume: no bom
somos nós, no mau pomo-nos de fora e reivindicamos.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — É um jogo a que já nos habituámos mas em que já poucos
acreditam. A vossa prova de vida está feita, mas a vossa prova de vida não é o cerne das vossas
responsabilidades.
O cerne das responsabilidades de todos nós são as pessoas, que o vosso preconceito ideológico ignora em
função do proponente, invariavelmente, e é só isso, só isso e mais nada, que dita o debate de hoje, porque já
todas estas propostas podiam e deviam estar aprovadas.
Mas, não, somos forçados a voltar à discussão, provavelmente perdida, já sabemos, que tem, ao menos,
uma vantagem: a vantagem de todos os portugueses perceberem ao que vem o CDS, disposto ao consenso
pelas pessoas, e ao que vem a maioria, disposta a muito pouco.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Concentro-me agora em três das iniciativas que o Sr. Deputado Telmo
Correia já aqui apresentou e que gostava agora de densificar um pouco mais.
Para começar, queria dizer que nenhuma destas três iniciativas tem impacto financeiro significativo no
imediato, nem especial complexidade imediata, são iniciativas meridianamente evidentes para quem não se
deixar cegar pelo apego ao poder e pelo preconceito ideológico.
Gostaria de começar por me referir ao projeto de lei que visa a criação de uma comissão para a elaboração
do estatuto fiscal do interior. Sabemos todos, não é uma novidade, que um dos pecados originais destes
incêndios é o abandono do interior. Por isso mesmo, propomos criar uma comissão que estude formas de fixação
das pessoas no interior.
Optámos pela via fiscal porque entendemos ser a mais atrativa e a que melhor pode compor os interesses
em presença. O que nós queremos? Uma coisa simples. Queremos que esta comissão estude quais as melhores
formas, o que é mais exequível, o que é mais compaginável com o nosso Estado de direito, o que é possível
com os recursos escassos de que dispomos.
Na verdade, queremos que se estude se e como é viável uma tabela de taxas do IRS diferenciada para o
interior; se e como é viável a criação de isenções e deduções específicas relacionadas com os transportes, as
portagens, a educação, a habitação; se e como é viável aos municípios do interior conferirem uma majoração
de 15% na participação variável do IRS; se e como é viável um crédito fiscal ao investimento no interior; se e
como é viável haver isenções específicas de IMI e a redução da TSU (taxa social única) para empresas com
trabalhadores residentes no interior, entre outras medidas que estão plasmadas no documento, o qual os Srs.
Deputados conhecem porque já o chumbaram anteriormente.