I SÉRIE — NÚMERO 22
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Em segundo lugar, esta resolução do Conselho de Ministros, que também posso fazer distribuir, criou, na
Presidência do Conselho de Ministros, a Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais, à qual compete a
análise integrada, o planeamento e a coordenação estratégica do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais,
com as competências aqui elencadas.
O que esta resolução do Conselho de Ministros faz, nomeadamente, é: reformar o modelo, proceder à
aproximação entre prevenção e combate, o que implica rever as missões e estatutos dos operacionais da ANPC,
nomeadamente, da Guarda Nacional Republicana, e proceder à profissionalização, capacitação e
especialização. Lançam-se, designadamente, procedimentos concursais para a admissão de militares para a
GNR e de efetivos para o Corpo Nacional de Agentes Florestais.
Como é evidente, lendo, em particular, o projeto de lei n.º 664/XIII (3.ª) e o projeto de resolução n.º 115/XIII
(3.ª), ambos do PSD, encontramos neles propaganda à tautologia. Eis o novo desígnio do PSD: olhar para as
medidas do Governo e propor ou recomendar parte delas. É o caso — além do referido a propósito dos
procedimentos concursais — da valorização do voluntariado. Os Srs. Deputados e as Sr.as Deputadas importam-
se de ler o n.º 8 do ponto II da Resolução do Conselho de Ministros n.º 157-A/2017? Eu leio: «Criar o Programa
‘Voluntariado Jovem para a Natureza e Florestas’». Francamente, há limites políticos para o que move a iniciativa
dos partidos. Apresentar dezenas de títulos de iniciativas como se não nos tivéssemos unido em torno da
Comissão Técnica Independente, das suas conclusões e o que VV. Ex.as propõem não estivesse feito ou a ser
feito, é fazer deste um dos dias em que se joga a dignidade do Parlamento.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Machado.
O Sr. JorgeMachado (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Discutimos hoje em Plenário um
conjunto de iniciativas legislativas no âmbito da proteção civil que carecem de consideração e de análise.
Quanto aos diplomas apresentados pelo PSD e CDS-PP, que visam criar unidades militares para combater
incêndios, importa discutir o âmbito destas iniciativas legislativas e importa discutir qual é o papel das Forças
Armadas.
O PCP entende que as missões das Forças Armadas são missões de soberania consagradas na Constituição
da República Portuguesa, são um pilar de soberania e as suas missões não são, nem devem ser, o combate
aos incêndios.
Assim, isto não significa que os militares das Forças Armadas não possam dar um contributo na ajuda no
combate aos incêndios, sempre sob tutela ou comando civil, mas em situações de emergência e não em
resposta substitutiva ou alternativa aos bombeiros, como parecem fazer crer os projetos de lei do PSD e do
CDS-PP.
Depois, importava ter em consideração um outro problema: é que é proposta a criação de unidades militares.
A pergunta que se coloca é com que meios, pois PSD e CDS-PP sabem que o quadro em que as Forças
Armadas hoje trabalham é um quadro altamente deficitário do ponto de vista dos recursos humanos. PSD e
CDS-PP propõem criar unidades militares sem acautelar esta preocupação.
Aliás, importava, nomeadamente o CDS-PP, acertar o discurso, porque o CDS-PP tem um discurso quando
reúne com os chefes militares, no âmbito da Comissão de Defesa Nacional, em que se manifesta contra a
criação destas unidades militares para o combate a incêndios para a proteção civil e aqui, em Plenário, propõe
o seu contrário. Mas é caso para dizer que se entendam entre vós próprios.
Quanto aos diplomas que alteram o modelo para a escolha de cargos dirigentes de proteção civil,
nomeadamente o comandante operacional nacional, importa referir o seguinte: primeiro, o atual modelo de
avaliação do mérito avaliado pela CRESAP (Comissão de Recrutamento e Selecção para Administração
Pública) não dá garantia nenhuma de escolha pelo mérito e, segundo, se é preciso escolher efetivamente as
pessoas mais capazes, importa assegurar a responsabilização política que o cargo inerente pressupõe e, assim,
entendemos que deve haver essa mesma responsabilização política.
Depois, temos um conjunto de iniciativas que propõem recomendar ao Governo uma coisa que o Governo já
anunciou que ia fazer — o que não deixa de ser caricato —, a criação de EIP (Equipas de Intervenção
Permanente) em todos os concelhos.