I SÉRIE — NÚMERO 22
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desejada por todos, poderá ter consequências extremamente graves nestes territórios se não atuarmos
atempadamente.
O CDS entende ainda que, neste processo, é fundamental envolver e contar com as autarquias, com a
academia, mas também com as organizações de produtores florestais, que têm conhecimento técnico,
conhecimento dos proprietários e conhecimento do terreno, pelo que podem, com enormes vantagens,
complementar o trabalho das direções regionais de agricultura.
Por fim, apresentamos um projeto que vem salvaguardar o pagamento do serviço público prestado pelas
equipas de sapadores florestais nos incêndios deste verão. Como é sabido, os sapadores florestais têm de
prestar 110 dias de serviço público e por isso recebem cerca de 40 000 € de apoio. Este ano, o serviço público
foi muito maior e todos os sapadores corresponderam, portanto, ao contrário do que propôs o Bloco de Esquerda
em sede do Orçamento do Estado, pagar 20 000 € por cada equipa, é preciso apurar o tempo que efetivamente
cada equipa fez a mais e pagar, na proporção devida, o valor que cada uma deve receber. É da mais elementar
justiça porque corresponde a trabalho que foi efetuado e que o Estado deve pagar.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Berta Cabral, do PSD.
A Sr.ª Berta Cabral (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas e Srs. Deputados: O PSD propõe à Assembleia
da República a criação de um programa nacional de apoio à recuperação do parque habitacional afetado pelos
incêndios de 2017.
Este é um projeto que mantém toda a atualidade, uniformiza todos os apoios, prevê uma gestão participada,
não cria novas estruturas e é um projeto que, como dizia, não está ultrapassado. Não só não está ultrapassado
como até, do nosso ponto de vista, é um diploma absolutamente necessário.
O que temos hoje é um conjunto de resoluções, decretos-leis e, aliás, uma lei que entra hoje em vigor, apesar
de se reportar aos incêndios de junho — vejam bem —, que, entre outras coisas, trata também da recuperação
da habitação, mas apenas da habitação permanente. Estes diplomas complicam e dificultam o acesso dos
beneficiários a esses regimes e, ainda por cima, preveem regimes diferentes para os incêndios de junho e para
os incêndios de outubro. Uma verdadeira manta de retalhos que urge uniformizar.
O nosso projeto uniformiza todos os apoios e é mais abrangente. Abrange usufrutuários, abrange a aquisição
de habitações para substituição das que não têm viabilidade de reconstrução e abrange segundas habitações,
ao mesmo tempo que confere um tratamento igual a todas as vítimas atingidas pelos incêndios,
independentemente de terem ocorrido em junho, em julho, em agosto, em setembro ou em outubro, e abrange
todos por igual, independentemente de se tratar de Pedrógão, de Mação, de Oliveira do Hospital ou de Gouveia,
para citar apenas alguns.
Somos todos portugueses e todos merecem o mesmo tratamento.
Não é aceitável que, no espaço de apenas quatro meses, o Governo tenha criado dois regimes diferentes,
com abrangências também distintas. A título de exemplo, refira-se que o regime aplicável aos incêndios de junho
não prevê a aquisição de nova habitação por inviabilidade de recuperação da habitação sinistrada, enquanto o
regime para os incêndios de outubro prevê, e bem, essa possibilidade. O nosso projeto junta os dois regimes e
dá um tratamento igual e unificador.
De sublinhar também que o nosso projeto prevê uma gestão participada, uma gestão que envolve o IHRU
(Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana), as autarquias locais, através das respetivas comunidades
intermunicipais, e a União das Misericórdias Portuguesas, uma gestão de proximidade, que cumpre o princípio
da descentralização no poder local, contrariamente ao que faz o Governo, nomeadamente no regime aplicável
aos incêndios de outubro, que afasta os autarcas do processo de decisão.
Mais uma vez, o Governo faz nos gabinetes o contrário do que defende em público.
Como é possível que os autarcas, que estiveram sempre na linha da frente no apoio às populações, quando
tudo falhou e quando o Governo as deixou entregues à sua sorte, neste momento, no momento de reparar os
danos, sejam afastados, por esse mesmo Governo, do processo de decisão?
Por fim, e não menos importante, reafirmo que o nosso projeto não cria novas estruturas. Sempre que o
Governo tem um problema cria uma nova estrutura, mas nós potenciamos as existentes, neste caso, o IHRU, o