I SÉRIE — NÚMERO 22
16
suas propostas correspondem a recomendações da Comissão Técnica Independente e sabe, portanto, que
aquilo que hoje aqui nos propõe é um conjunto de medidas que o Governo já está a concretizar. Muitas destas
medidas constam, aliás, da Resolução do Conselho de Ministros de 21 de outubro e de outros diplomas
entretanto aprovados. Por isso, é legítimo perguntar, neste momento, ao Grupo Parlamentar do PSD: em que é
que ficamos?
Aqui chegados, é legítimo questionar se o PSD, afinal, considera que o Relatório da Comissão Técnica
Independente deve merecer o respeito desta Assembleia, que o solicitou e legitimou, e do próprio Governo, que
o adotou como base das reformas em curso, ou se, pelo contrário, entende que o Relatório e o consequente
trabalho do Governo devem ser ignorados e desprezados, como parece poder depreender-se da apresentação
desta e de várias outras iniciativas que hoje nos são presentes.
Aplausos do PS.
Pergunto ainda ao PSD onde esteve durante o debate orçamental que ocupou esta Câmara nas últimas
semanas e no qual foram inscritos montantes significativos para a concretização de muitas destas medidas e
propostas.
Parece-nos, pois, ficar claro que o PSD, com as propostas «a metro» que nos apresenta hoje, apenas tem
pretendido fazer jogadas mediáticas de circunstância com objetivos estritamente político-partidários, procurando
alimentar a polémica e aproveitar-se do dramatismo da situação dos territórios atingidos.
De facto, a ânsia de aproveitamento político é tal que o PSD não se coíbe de apresentar uma proposta de
interferência na esfera de autonomia da organização interna das Forças Armadas, que a própria Comissão
Independente entendeu não ser de adotar e que o Exército já veio dizer, através das suas mais altas patentes,
que considera megalómana. Com efeito, este projeto de lei, que visa a criação de uma unidade militar de
emergência, implica alterações a diplomas essenciais para a estabilidade das Forças Armadas, como é o caso
da Lei Orgânica de Bases da Organização das Forças Armadas, sem cuidar de promover a sua discussão prévia
ou ouvir os militares e o próprio Governo, como seria de esperar de uma proposta que fosse verdadeiramente
séria.
Sr.as e Srs. Deputados, quando, nesta Assembleia, há cerca de um mês, discutimos o Relatório da Comissão,
tive a oportunidade de dizer, em nome do PS, que este é o tempo da ação e da resposta, o tempo de indemnizar
as vítimas, de recuperar e reconstruir os territórios devastados e de promover as reformas necessárias para que
situações destas não se repitam.
Por isso, a bancada do PS só pode congratular-se e saudar o Governo por ter estado, desde a primeira hora,
no terreno, tomando medidas e concedendo apoios concretos às populações afetadas, em cumprimento da sua
obrigação, enquanto a oposição se entretém com propostas extemporâneas ou a tentar culpar o Governo pelo
que faz, ou pelo que diz que ele não faz, numa competição desenfreada para ver quem chega primeiro aos
telejornais.
Aplausos do PS.
Sr.as e Srs. Deputados, a irresponsabilidade e a demagogia a que vimos assistindo por parte da oposição
são bem a evidência do estado de desespero a que chegou.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Estado de desespero é o das pessoas e das famílias!
O Sr. José Miguel Medeiros (PS): — Quando se esperava uma postura construtiva, de respeito pelas
populações afetadas e de promoção dos consensos, aquilo a que temos vindo a assistir, sobretudo do lado da
oposição, é a uma opção pela demagogia e pelo oportunismo político.
Aplausos do PS.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — As pessoas é que estão desesperadas pelos familiares que morreram!