7 DE DEZEMBRO DE 2017
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O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, nesta bancada, esperamos que
o Governo tenha em conta todos os alertas que os vários agentes e intervenientes têm feito sobre essa matéria.
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, estávamos a falar de saúde e, porque com a saúde está relacionado, queria
abordar um outro tema. Durante o debate, na especialidade, do Orçamento do Estado, o País acordou, numa
manhã, com o anúncio pomposo da transferência do Infarmed de Lisboa para o Porto, foi um anúncio com
grande pompa e circunstância a que se seguiu um conjunto de declarações de membros do Governo, que diziam
tudo e o seu contrário.
Creio que é altura de fazer ao Sr. Primeiro-Ministro uma pergunta muito clara, para que os portugueses
possam saber e os dirigentes e a Administração do Infarmed possam ter a certeza, de uma vez por todas: foi
uma intenção ou é uma decisão política a de transferir o Infarmed para o Porto?
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para responder, o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Afinal a gripe tinha a ver com o Infarmed!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Hugo Lopes Soares, se há coisa que é clara é que
o anúncio não teve nem pompa nem circunstância. Foi uma afirmação que foi feita pelo Sr. Ministro da Saúde
e, como ele próprio já reconheceu, seguramente, o Governo não exprimiu da melhor forma a sua vontade política
de proceder a essa transferência.
Protestos de Deputados do PSD.
No que me diz respeito, o que lhe posso dizer é que há bastantes meses que o Sr. Ministro da Saúde tinha
falado comigo sobre este objetivo, aliás, no quadro da apresentação da candidatura para a instalação no Porto
da Agência Europeia do Medicamento. Pareceu-me uma ideia correta, positiva, de desconcentração dos
serviços, e, aliás, consentânea e coerente com a argumentação que fazíamos quanto à capacidade de o Porto
acolher a Agência Europeia. E, se tinha capacidade para acolher a agência europeia, como não teria capacidade
para acolher a agência nacional?! Havia, aliás, vantagens em haver sinergias na proximidade dessas agências.
Como o Sr. Ministro já teve oportunidade de referir, obviamente, o Governo não deveria ter exteriorizado esta
intenção sem previamente a ter preparado com o Conselho de Administração do Infarmed, sem ter trabalhado
devidamente com os funcionários…
Vozes do PSD: — Ah!…
O Sr. Primeiro-Ministro: — Não é «ah!», é óbvio! Há coisas que são óbvias! Portanto, não vale a pena dizer
o contrário, quer dizer… Acho que é óbvio!
Aplausos do PS.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Não sei se os Srs. Deputados estão mais habituados — creio que estão — …
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Às mentiras?
O Sr. Primeiro-Ministro: — … a que um governo, quando erra, persista no erro, em vez de simplesmente
reconhecer que errou e corrigir o erro. Acho que é assim que se deve fazer.
Aplausos do PS.