I SÉRIE — NÚMERO 23
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O Sr. Primeiro-Ministro: — … é simplesmente respeitar as competências dos outros.
Aplausos do PS.
Tal como respeitamos as competências da Assembleia da República, do Sr. Presidente da República, dos
tribunais, respeitamos também as competências dos municípios.
Protestos do PSD.
E devo dizer-lhe que um Estado que começa por respeitar os outros poderes do Estado é o Estado que fica
em melhores condições para respeitar os cidadãos, e este é o primeiro dever de cada um dos titulares de cargos
políticos.
Aplausos de Deputados do PS.
Em segundo lugar, gostaria de esclarecer que o Primeiro-Ministro não dá ordens a Deputado algum e muito
menos a um grupo parlamentar.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
No que diz respeito a essa medida, o que lhe posso dizer é que, tendo-me sido perguntado qual era a minha
opinião, essa medida não deveria ser aprovada, e essa medida não deveria ser aprovada porque a redução da
tarifa energética é uma prioridade, razão por que temos adotado um conjunto de medidas, desde o alargamento
da tarifa social, que cobria 70 000 famílias e que hoje cobre 800 000 famílias, é o facto de termos submetido à
entidade reguladora a fixação independente dos CMEC (custos de manutenção do equilíbrio contratual), é o
facto de termos vindo a licenciar, pela primeira vez, um conjunto de equipamentos de energias renováveis sem
a subsidiação da tarifa.
Mas essa procura da redução da tarifa deve ser compatível com dois objetivos fundamentais ou, melhor, um
objetivo e uma garantia fundamental: primeiro, o objetivo de dar prioridade à promoção das energias renováveis
e, segundo, a garantia que tem a ver com a estabilização das regras contratuais.
Como o Sr. Deputado sabe, e ninguém o deve poder ignorar, houve um conjunto de investimentos que foram
feitos, porventura com regras que não deveriam ter existido, mas que existem, e com base nas quais foram
feitos esses investimentos, que têm um impacto importante no conjunto da economia nacional e que são
importantes, designadamente, para o financiamento da nossa dívida pública.
Portanto, Portugal não pode, nem deve, dar um sinal à comunidade internacional, nem aos investidores
internacionais, de alteração unilateral das regras, mas deve fazer aquilo que tem estado a fazer e que estamos
empenhados em fazer, que é renegociar com os operadores as condições de tarifa, para que contribuam mais
para o défice energético e que aliviem a tarifa sobre os consumidores. É isto que iremos continuar a fazer e é
esta a minha opinião, que digo aqui com toda a franqueza e toda a frontalidade.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra o Sr. Deputado Hugo Soares, não obstante o
Governo, nesta altura, já não dispor de tempo para responder.
O Sr. Hugo Lopes Soares (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, eu não inventei nada, e não o
ouvi desmentir aquilo que um semanário, esta semana, diz entre aspas, a citá-lo: «Fui eu que dei indicações
para a norma ser avocada». Portanto, ou o senhor assume aquilo que disse ao semanário este fim de semana
ou vem aqui desmenti-lo.
A Sr.ª Isabel Alves Moreira (PS): — Nada disso é verdade!