I SÉRIE — NÚMERO 23
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Esqueçamos a posição do Bloco de Esquerda sobre o Eurogrupo.
Risos dos Deputados do CDS-PP João Pinho de Almeida e Nuno Magalhães.
Esqueçamos mesmo que o Eurogrupo não tem existência nos tratados europeus. Esqueçamos, por um
momento, que o Eurogrupo é um grupo informal, que serviu para impor política de austeridade a Portugal e aos
países do Sul. Esqueçamos que é um grupo sem regras, em que a Alemanha acaba sempre por mandar em
toda a gente. Esqueçamos mesmo que o Eurogrupo foi quem hostilizou a Grécia e que chegou mesmo a
expulsar o Ministro das Finanças da Grécia das suas reuniões. Esqueçamos que no Eurogrupo se insultou
Portugal. Esqueçamos tudo isto…
O Sr. Primeiro-Ministro: — É melhor não esquecer!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — … e pensemos no que se vai fazer, afinal, com o Eurogrupo.
Ouvimos, com muito cuidado, o que o Ministro Mário Centeno disse sobre o euro não há muito tempo. Ele
dizia, e nós concordamos, que a União Monetária está a criar divergência em vez de convergência. Ou seja, o
Ministro Mário Centeno, e o Partido Socialista têm-no dito de tantas formas, reconhece que o euro está a fazer
com que países como Portugal fiquem cada vez mais pobres, que a distância entre países como Portugal e o
centro da Europa, como a Alemanha, é cada vez maior e que nós perdemos cada vez mais com essa distância.
Ouvimos o Sr. Primeiro-Ministro, depois da eleição do Sr. Ministro Mário Centeno, dizer que este é o momento
em que é essencial o diálogo entre os Estados, a igualdade entre os Estados, que tem de haver prioridade ao
emprego e à convergência.
Sr. Primeiro-Ministro, pergunto: qual é a estratégia do Governo para essa mudança? Qual é o plano do
Governo? E qual é o compromisso do Ministro Mário Centeno no Eurogrupo para essa estratégia e para essa
mudança?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para responder, o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, vamos fazer o mesmo exercício
ao contrário, não vamos esquecer nada daquilo que disse. E é precisamente por não esquecermos nada daquilo
que disse que é muito importante termos apresentado a candidatura do Ministro Mário Centeno à presidência
do Eurogrupo. É porque não esquecemos o que foi dito sobre os países do Sul, é porque não esquecemos como
o Eurogrupo se relacionou com a Grécia, é porque não esquecemos como o Eurogrupo se relacionou com todos
os países que enfrentaram a crise que apresentámos a candidatura do Ministro Mário Centeno.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — E fizemos isso porque não esquecemos. E não esquecemos porquê? Porque
ao não esquecer sabemos que é necessário fazer diferente.
Como sempre tenho dito, e é óbvio, numa associação a 19 ninguém pode, por si só, assegurar o resultado
final. Mas há uma coisa que nós sabemos: quem não vai a jogo, perdeu à partida, e nós não podemos perder
por falta de comparência. Por isso, temos de entrar em jogo da melhor forma possível…
Aplausos de Deputados do PS.
… e é melhor entrar a presidir àquele grupo do que estar a participar sem presidir.
Qual é a estratégia? É conhecida, consta do Programa de Governo, constava já do programa eleitoral, consta
de n discursos que eu tenho feito, que o Sr. Ministro das Finanças tem feito, que o Sr. Ministro dos Negócios
Estrangeiros tem feito, que as Secretárias de Estado dos Assuntos Europeus têm feito.