I SÉRIE — NÚMERO 33
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O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Exatamente!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — E quando dizemos que não foi feito nada referimo-nos às rendas excessivas.
O Bloco de Esquerda sabe o que foi feito relativamente à energia, tem trabalhado sobre isso e há matérias
importantíssimas, mas as rendas excessivas da EDP continuam intocadas.
O Sr. Pedro Passos Coelho (PSD): — São 1200 milhões!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Cortar 15 milhões de euros é igual a zero, pois 15 milhões foi o que o
Governo PSD/CDS também cortou. Alguém sentiu a diferença? Zero!
A pergunta que as pessoas, o País, fazem é esta: o que é que a EDP tem que é diferente das outras? Por
que é que à EDP se aceita todo o abuso sobre os consumidores?
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Por que será?!
Protestos do Deputado do PSD Pedro Passos Coelho.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Por que é que à EDP se aceita toda a hostilidade contra os governos? Por
que é que à EDP se aceita todo o desrespeito pela lei?
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — A um governo não basta que diga que a EDP é hostil, tem de ter as medidas
fortes, capazes de a contrariar, porque estará a servir toda a economia.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, tem mesmo de terminar.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — A mercearia, a fábrica de calçado ou qualquer outra empresa, que paga a
eletricidade que paga, não tem o tratamento que a EDP tem. Talvez não consiga contratar o número de ex-
ministros que a EDP contrata, mas, seguramente, o que temos de fazer é equilibrar os pratos da balança e, para
isso, é preciso combater as rendas excessivas da energia.
Aplausos do BE.
Protestos do Deputado do PSD Pedro Passos Coelho.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Catarina Martins, «pratos da balança» é uma boa
figura, porque tão depressa oiço que o Governo é permeável à EDP, como ouço que o Governo persegue a
EDP.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Depende de onde ouve!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Portanto, porventura, o Governo tem uma atitude equilibrada quanto à questão
energética e esse equilíbrio advém do seguinte: uma coisa é o que desejamos em matéria de rendas futuras,
outra coisa é o que somos obrigados a cumprir, que os contratos que estão em vigor e que, num Estado de
direito, têm de ser cumpridos.
O que temos vindo a fazer, no quadro jurídico vigente — no cumprimento da lei, no cumprimento dos
contratos —, é a mudança possível no sentido do que desejamos. Como não estamos satisfeitos, vamos
prosseguir e vamos continuar a fazer as negociações.