I SÉRIE — NÚMERO 37
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Ana
Mesquita.
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Grupo Parlamentar do PCP começa
por saudar os signatários da petição presentemente em discussão.
O 1.º ciclo do ensino básico é essencial no percurso escolar dos alunos, pois, logo aqui, são adquiridos
conhecimentos e desenvolvidas capacidades fundamentais para o seu futuro. No entanto, ao longo dos últimos
anos, as políticas de sucessivos governos desconfiguraram, por completo, a escola do 1.º ciclo do ensino básico.
A organização do 1.º ciclo deve depender, sobretudo, de critérios pedagógicos e de resposta aos alunos, no
respeito pelos direitos dos trabalhadores, e não propriamente de disponibilidades financeiras ou de recursos que
subalternizem o papel fundamental da educação no desenvolvimento individual e coletivo.
É neste contexto que o PCP tem de questionar o projeto de resolução hoje aqui apresentado pelo BE, no
único ponto que tem uma ligação mais direta às propostas dos peticionários. Ou seja, a alteração do número de
horas da componente letiva dos docentes da educação pré-escolar e do 1.º ciclo do ensino básico para 22 horas.
Temos de perguntar como articulam esta proposta com o atual regime de monodocência no 1.º ciclo, porque,
uma coisa é certa, não se consegue reduzir de 25 para 22 horas, ter reduções por antiguidade e manter a
monodocência.
Pretendem mesmo acabar com a monodocência?! Isto porque acabar com a monodocência não é um tabu,
mas é preciso que se faça toda uma reorganização do 1.º ciclo, e urge perguntar: qual e como?
Então, o que é que se defende? Que se avance para a monodocência coadjuvada? Se for isso, pelo menos
o titular da turma terá de permanecer todo o tempo com a turma. Mas como se aplicaria no concreto? Vamos,
como aponta a Lei de Bases no Sistema Educativo, para as equipas educativas?! Mas como e quando devemos
constituir essas equipas? Adotamos um regime de pluridocência?! Ainda que, no plano pedagógico, isto pudesse
não trazer qualquer problema — questão, diz o PCP, a apurar, também, com o contributo de especialistas —,
quais seriam as habilitações de quem fosse responsável pelas diversas áreas do currículo? Seria por escolha
dos professores?! Seriam professores de outros ciclos?! E como se articularia tudo isto com o 2.º ciclo? Seria
por via da fusão do 1.º e 2.º ciclos?!
São perguntas que deixamos. O PCP não está contra nenhuma destas hipóteses, mas defende que têm de
ser amplamente discutidas.
A existência de um horário igual em todos os ciclos será desejável, mas não podemos decidir questões com
esta magnitude sem discutir tudo o que isto envolve, fazendo propostas genéricas sem esclarecer o caminho
que é necessário trilhar, de forma consequente.
Assim, o PCP considera que é hora de se fazer um amplo debate sobre a organização do 1.º ciclo — é isto
que propomos —, abordando matérias como os horários, a definição rigorosa do conteúdo da componente letiva
e não letiva, as medidas de combate à existência de turmas mistas, as normas de referência para a constituição
de turmas e distribuição de serviço, os mecanismos que nos últimos anos de exercício profissional tenham em
conta o enorme desgaste provocado pelo exercício da profissão e as condições de aposentação. E, assim,
interviremos nesse sentido.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria
Augusta Santos.
A Sr.ª Maria Augusta Santos (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em nome do Grupo
Parlamentar do PS, saúdo os subscritores da petição em apreço.
Destaco, dos documentos em apreço, particularmente do projeto de resolução n.º 1236/XIII (3.ª), do Bloco
de Esquerda, duas matérias que o Grupo Parlamentar do Partido Socialista considera relevantes, sendo a
primeira o ajustamento do número de horas letivas. Decorrente de uma análise cuidada, consideramos que no
projeto de resolução do Bloco de Esquerda há propostas que porão em causa a monodocência no ensino pré-
escolar e no 1.º ciclo, com o que não podemos estar de acordo, dada a sua relevância pedagógica.