26 DE JANEIRO DE 2018
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O apelo do Governo português tem sido o de mobilizar as opiniões no sentido de assegurar os instrumentos
para que a próxima década seja a «década da convergência». O cumprimento desse desígnio é, aliás, no
entender do PS, essencial para manter a coesão territorial e a paz social no espaço da União.
As hipóteses que têm sido adiantadas de cortes na política de coesão que, no pior dos cenários, poderiam
chegar a 30%, ou mesmo de uma reforma que altere, sem a devida ponderação, os níveis de cofinanciamento
nacionais, seriam muito negativas para nós e verdadeiramente inflamáveis no contexto europeu.
É, assim, importante trabalharmos nos denominadores comuns da posição portuguesa. Creio que se pode
tomar como referenciação geral a defesa de uma política de coesão orientada para a competitividade das
economias com maiores fragilidades estruturais e que contribua para a convergência económica dos Estados-
membros.
Aplausos do PS.
Para Portugal, o próximo quadro será um instrumento fundamental para financiar o aumento e a melhoria
dos fatores de competitividade do País, para modernizar a nossa economia, para diminuir as disparidades
sociais e para apoiar o caminho de convergência de Portugal iniciado em 2017. Queremos, simultaneamente,
que sejam salvaguardadas e ativamente apoiadas as estratégias próprias que as regiões autónomas e
ultraperiféricas portuguesas deverão adotar, as quais, não sendo conflituantes com a nacional, não deixarão de
radicar nas suas circunstâncias próprias.
Dos fatores já identificados, e que têm condicionado a consistência do nosso caminho de convergência, são
mais salientes, para o PS, a necessidade de inverter o baixo nível de qualificação dos portugueses e, ainda, o
nível de desemprego, o qual, embora em regressão, continua a ser preocupante sobretudo entre os jovens.
Considerando a aposta, que será certamente privilegiada, de orientar a política orçamental para as áreas
políticas com maior valor acrescentado europeu, entendemos, à semelhança da posição que Portugal tem
comunicado, e bem, estabelecer a convergência como critério para aferir esse valor.
O Governo tem delineado objetivos estratégicos preliminares, quer de natureza transversal quer de incidência
territorial, que importará reconfirmar e discutir no âmbito parlamentar, na sequência dos debates e auscultações
que têm decorrido por todo o País, envolvendo autarquias e parceiros sociais e económicos.
Essa ponderação que se impõe, e que propomos ser aprofundada através de uma comissão parlamentar
eventual para o efeito, não nos dispensa de reconhecer de imediato outros e múltiplos desafios com cuja
resolução positiva nos desejamos encontrar: a necessidade de assegurar condições para a diminuição da
dependência energética e, claro, de adaptação dos territórios às condições climáticas; as prioridades à economia
do mar e às acessibilidades do transporte aéreo; a competitividade face às redes globais, mas também mediante
programas para territórios como os de baixa densidade; os desafios demográficos; a inovação; o conhecimento;
o desenvolvimento científico e a incorporação tecnológica; as novas formas da economia, da evolução laboral e
do emprego; o desenvolvimento agrícola e florestal ou a valorização das instituições públicas.
Termino, Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados e Membros do Governo: Está aberto o processo de decisão
comunitário relativo ao quadro financeiro plurianual da União Europeia pós-2020 e previsto o lançamento de
uma proposta legislativa pela Comissão Europeia que integrará as prioridades e os objetivos estratégicos dos
27 Estados-membros.
Compete aos partidos parlamentares, sem prejuízo das suas convicções e responsabilidades e sem
desvalorizarem o que os distingue, procurarem convergir, sem preconceitos, onde isso não os desvirtue. Bastará
isso, para honrar as representações partidárias e defender melhor Portugal.
O PS assim o fará, com os olhos postos na Europa mais coesa e mais justa que queremos, no interesse
nacional e no benefício dos portugueses.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, em nome do Governo, tem a palavra o Sr. Ministro do
Planeamento e das Infraestruturas.