I SÉRIE — NÚMERO 41
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recente de uma proposta de lei sobre o acesso a dados de comunicação por entidades administrativas é disso
um exemplo preocupante.
Já no que diz respeito ao projeto de resolução do CDS, não o acompanharemos por razões que nos parecem
também muito claras: porque é outro o objeto da sua atenção, um objeto que deve merecer a nossa preocupação
mas que é desconexo deste outro, mas, sobretudo, porque alarga a sua previsão a todo o universo da
cibercriminalidade e do cyberbullying e aponta um caminho que nos parece extremamente perigoso, que é o do
bloqueamento de sítios da internet por entidades administrativas. Esse é um caminho sem retorno, um caminho
de pulsão sensória que não acompanhamos, de todo em todo.
Por isso mesmo, esta tendência securitária não merece a nossa aprovação. Entendemos que se trata de um
problema sério, mas a solução proposta não é, de todo, aquela que entendemos ser a adequada.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Sara Madruga da Costa, do PSD, para
uma intervenção.
A Sr.ª Sara Madruga da Costa (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: As primeiras palavras do
PSD são de profundo lamento pela forma apressada como o Partido Socialista pretende discutir um assunto
sério e importante, desrespeitando as mais básicas regras parlamentares e da democracia.
Sr.as e Srs. Deputados, o que está a acontecer hoje neste Parlamento não enobrece esta Casa, não contribui
para a transparência nem para a credibilização e o prestígio da Casa da democracia.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Fale por si!
A Sr.ª Sara Madruga da Costa (PSD): — O PS pretende discutir uma iniciativa legislativa de alteração do
Código Penal que apresentou na sexta-feira passada e que ainda nem sequer foi discutida na comissão
parlamentar competente.
Não podemos aceitar, Sr.as e Srs. Deputados, que a garantia da proteção dos dados pessoais, a garantia da
reserva da vida privada de crianças e de vítimas de violência doméstica sejam discutidas desta forma, sem uma
primeira apreciação da 1.ª Comissão, sem a elaboração de parecer e nota técnica, sem a audição das entidades
obrigatórias.
Sr.as e Srs. Deputados, não é assim que se constrói a democracia, não é assim que se discutem matérias
com esta importância, não é assim que se encontram as melhores soluções para proteger as vítimas dos crimes.
O Sr. José Cesário (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Sara Madruga da Costa (PSD): — Não é desta forma nem com esta metodologia que se melhora a
qualidade legislativa e se produz boa legislação.
Sr.as e Srs. Deputados, já sabíamos que este Governo gostava de navegar à vista, de decidir de forma
imponderada e sem preparação. Hoje, ficamos a saber que esta maioria parlamentar está disposta a tudo.
O Sr. Filipe Neto Brandão (PS): — Tanto disparate junto!
A Sr.ª Sara Madruga da Costa (PSD): — Está disposta a continuar a quebrar as regras parlamentares, a
discutir desta forma assuntos sérios, com esta importância, a pretexto de uma qualquer agenda política e de um
qualquer timing político, mesmo depois de apregoar coisa diferente na Conferência de Líderes.
Sr.as e Srs. Deputados, pelos vistos, esta Casa ainda não aprendeu nada com os mais recentes episódios
parlamentares, nem com o veto presidencial.
O Sr. Filipe Neto Brandão (PS): — O quê?!
Protestos da Deputada do PCP Rita Rato.