I SÉRIE — NÚMERO 45
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de perguntar qual é realmente a solução que o Governo quer encontrar para estes professores. Não a encontrou
em tempo devido, coisa que deveria ter feito, corrigindo de imediato as anomalias que ele próprio criou, não
resolveu esta situação com um concurso posterior, o que poderia ter sido feito, ainda que já em cima do novo
ano letivo, mas com a possibilidade de não colocar centenas de professores numa situação dramática. E também
não se conhece propriamente uma solução cabal para o problema, mesmo para o próximo ano letivo.
O Bloco de Esquerda já teve a possibilidade de apresentar na Assembleia da República um projeto de
resolução que garantia grande parte da solução destes problemas e abria até a porta a uma discussão sobre o
sistema de concursos. Esse projeto de resolução não encontrou maioria nesta Assembleia da República. Temos
pena que assim seja, mas não vamos desistir de continuar a lutar não só pelas justas reivindicações destes
professores mas também por um sistema mais justo, mais democrático e mais equilibrado nestes concursos. Os
professores merecem-no e a escola pública precisa deles.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria Augusta
Santos.
A Sr.ª Maria Augusta Santos (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Estamos hoje a debater a
petição n.º 376/XIII (2.ª) e o projeto de resolução n.º 1312/XIII (3.ª), do Partido Comunista Português, que incidem
sobre questões de seleção e recrutamento do pessoal docente.
O Grupo Parlamentar do Partido Socialista reconhece, como todos nós reconhecemos, que a matéria em
apreço exige um amplo debate, envolvendo todos os intervenientes do sistema educativo, desde a tutela às
organizações profissionais, pais e encarregados de educação, alunos, autarquias locais e comunidade
educativa. Acreditamos que, mais cedo do que tarde, esse debate terá de ser feito.
É para todos nós consensual que a estabilidade das escolas decorre, em grande medida, da estabilidade do
seu corpo docente. Também sabemos que, para a promoção dessa estabilidade, convergem não só a criação
de medidas preventivas mas também a materialização de iniciativas que potenciem e maximizem a equidade no
sistema.
Sr.as e Srs. Deputados, sobre a matéria ora em discussão, cumpre afirmar que os procedimentos para
recrutamento do pessoal docente para o ano letivo 2017/2018 respeitaram a legislação conformadora.
Com efeito, a alteração das prioridades do concurso interno, conjugada com o apuramento real de vagas dos
agrupamentos de escolas e de escolas não agrupadas, visa permitir aos docentes a aproximação à residência,
de uma forma permanente e justa, fomentando a sua estabilidade profissional e promovendo a dignificação da
sua carreira.
Refira-se, a este propósito, a abertura de um procedimento concursal para o próximo ano letivo, o que é do
conhecimento público.
De referir, ainda, que a reversão da consideração de apenas horários na mobilidade interna acarretaria
significativo desperdício de recursos humanos e que a pretensão de realizar os procedimentos concursais
anualmente, abandonando a regra quadrienal, provocaria maior instabilidade no corpo docente, com
consequências negativas ao nível da tão desejável e necessária continuidade pedagógica.
Pelo exposto, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista considera que as recomendações apresentadas
pelo Partido Comunista Português são extemporâneas, quer do ponto de vista técnico quer político. Com efeito,
umas já foram consagradas no Orçamento do Estado para 2018 e outras são matérias negociadas com as
estruturas sindicais, tendo inclusivamente motivado já uma alteração legislativa, concretizada no Decreto-Lei n.º
28/2017, de 15 de março.
Sr.as e Srs. Deputados, tem sido com enorme sentido de responsabilidade, de determinação na valorização
dos docentes e no cumprimento do seu Programa que o XXI Governo concretizou diversas e importantes
medidas, algumas extraordinárias, que estão a permitir um reforço dos recursos humanos, uma diminuição
significativa da precarização docente e uma melhor escola pública.
O caminho está a ser feito. É um caminho que vai no sentido de resolver situações de injustiça que,
reconhecemos, ainda prevalecem. É um caminho exigente, digo mesmo difícil, atendendo à complexidade de
que se revestem os procedimentos de seleção e recrutamento do pessoal docente.