15 DE FEVEREIRO DE 2018
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O compromisso do Governo neste domínio torna-se credível e evidente quando olhamos para as múltiplas
iniciativas em curso. Vou focar esta intervenção em três áreas críticas: a avaliação, a valorização e a
internacionalização.
Durante 2016 e 2017, e passados dez anos após exercício análogo, a OCDE desenvolveu uma avaliação
dos sistemas de ensino superior, ciência, tecnologia e inovação em Portugal que resultou num conjunto de
recomendações apresentadas na sexta-feira da semana passada, recomendações essas que têm como
principal objetivo o de reforçar o desempenho e o impacto das atividades das instituições de investigação e
desenvolvimento e de ensino superior em Portugal, numa perspetiva internacional e num contexto que terá de
ser crescentemente multidisciplinar.
Todos hoje reconhecemos que os desafios atuais, seja no domínio da saúde, do ambiente, da energia ou até
da justiça requerem diálogo e colaboração entre múltiplos domínios do conhecimento.
As recomendações da OCDE centram-se em quatro pontos: reforçar a capacidade de I&D (investigação e
desenvolvimento) e de inovação, em articulação com o ensino superior, garantindo uma estreita ligação ao
território e com impacto na criação de emprego altamente qualificado; estimular a diversificação do sistema de
ensino superior e das atividades de I&D, designadamente alargando, modernizando, flexibilizando e reforçando
o âmbito de atuação do ensino, tanto universitário como politécnico; reforçando as condições de emprego
científico e o desenvolvimento de carreiras académicas e científicas e responsabilizando as instituições pelo
rejuvenescimento dessas carreiras; finalmente, continuando a estimular a internacionalização e a abertura dos
sistemas de ciência, tecnologia, ensino superior e inovação.
Relativamente à valorização, sabemos que o Governo está a desenvolver programas importantes para
aceleração da transferência e valorização do conhecimento para o tecido empresarial. Este programa, que visa
capacitar centros interface e reforçar a inovação colaborativa entre universidades, politécnicos e empresas e
criar redes de investigação e inovação em novas áreas temáticas através de laboratórios colaborativos, é uma
reforma estrutural que pode melhorar o contributo que a ciência e o conhecimento podem dar para desenvolver
o País.
Aplausos do PS.
Relativamente à internacionalização, é cada vez mais notória a tendência na atração de investimento
estrangeiro de empresas tecnológicas em Portugal. Hoje estão a vir para o País não apenas para baixar custos,
mas para encontrarem talento e trabalharem em Portugal com uma geração altamente qualificada.
À recente notícia da Google, criando mais de 500 empregos, juntam-se várias outras como a da Vestas, das
energias renováveis, ou a da Amyris, que está a abrir um centro europeu de desenvolvimento na área da
biotecnologia, ambas no Porto, assim como dezenas de outras em Lisboa, Porto, Braga, Guimarães, Fundão,
Sintra e Oeiras, nos mais variados domínios e onde milhares de novos empregos estão a ser criados.
Sr. Primeiro-Ministro, serão estes investimentos e reformas suficientes para ajudarem a reverter a realidade
dos últimos anos de saída do País da geração mais qualificada de sempre e para se abandonar de vez o modelo
de competitividade por baixos salários, trazendo um crescimento sustentado das empresas portuguesas nos
próximos anos baseado na valorização dos recursos humanos e do conhecimento?
Queria ainda dizer que nos agradou na sua intervenção inicial os desafios apontados pela OCDE. Agradecia
que o Sr. Primeiro-Ministro confirmasse o objetivo de alcançar o investimento global em I&D de 3% até 2030,
um terço público, dois terços privado.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Primeiro-Ministro, tem a palavra.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Alexandre Quintanilha, em primeiro lugar, o
relatório da OCDE é muito importante porque não há boas políticas públicas sem boa avaliação, e uma das
grandes funções que a OCDE pode desempenhar é, efetivamente, proceder à avaliação das políticas públicas,
sobretudo num horizonte continuado.