I SÉRIE — NÚMERO 48
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Essa questão é absolutamente decisiva, porque esse aumento de produtividade será, seguramente, a forma
de compensar a trajetória demográfica que penaliza o futuro dos sistemas de segurança social.
É neste conjunto que temos de, simultaneamente, fazer avanços nos direitos e assegurar aquilo que tem de
ser sagrado, que é a sustentabilidade do futuro da nossa segurança social. Nunca nos podemos esquecer que
o grande papão com que a direita agita sempre e com que quer sempre ameaçar o futuro da segurança social
pública é a insustentabilidade da própria segurança social. Ora, garantir a sua sustentabilidade passa por
garantir as receitas, mas passa também por gerir o esforço. Já aqui tivemos vários debates sobre o peso histórico
terrível que o País suporta e que se expressa na vida duríssima de muitas e muitas pessoas, como a da senhora
que o Sr. Deputado teve oportunidade de encontrar.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira terminar, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Vou já terminar, Sr. Presidente.
É por isso que o compromisso que temos — e que consta não só nas palavras do Ministro Vieira da Silva
como também naquilo que eu próprio tenho dito aqui, nesta Assembleia, e que constava, aliás, na própria
exposição de motivos da proposta de lei — é o de que essa convergência será faseada.
Estamos, neste momento, em sede de concertação, a avaliar a aplicação da primeira fase para podermos
determinar o avanço para a segunda fase. E estamos a fazer o mesmo relativamente ao fator de
sustentabilidade, onde a dupla penalização que existe está também, neste momento, a ser avaliada em sede
de concertação social.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Sr. Primeiro-Ministro, tem mesmo de concluir.
O Sr. Primeiro-Ministro: — O Sr. Deputado conhece os calendários da concertação social e sabe que, muito
brevemente, teremos uma posição propositiva sobre estes dois temas: fator de sustentabilidade e prossecução
da trajetória, que assumimos, de reposição de justiça para as longas carreiras contributivas.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — É a vez do Partido Ecologista Os Verdes.
Para formular perguntas, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, não há dúvida de que os
resultados positivos da economia não podem ser dissociados de opções políticas que foram tomadas,
designadamente da reposição de rendimentos às famílias portuguesas.
Mas é verdade também, Sr. Primeiro-Ministro, que há outras áreas onde é fundamental intervir e que só
medidas políticas adequadas podem fazer com que haja transformação em benefício dos portugueses. Estou a
falar, designadamente, de serviços públicos tão essenciais como a saúde, a educação ou outros. E a verdade,
Sr. Primeiro-Ministro, é que nós estamos muito desfalcados de recursos humanos nos nossos serviços públicos.
A área da saúde é disso exemplo. Já aqui foi falada a urgência de concurso para médicos especialistas, mas
o Sr. Primeiro-Ministro tem também conhecimento do facto de muitos enfermeiros estarem a passar dos
hospitais para os centros de saúde, desfalcando, portanto, os hospitais de enfermeiros e abrindo uma carência
determinante. Só no Algarve já houve 40 que passaram de hospitais para centros de saúde. O Hospital de Santa
Maria, em março, ficará com menos 54 enfermeiros.
Portanto, a pergunta que se impõe, Sr. Primeiro-Ministro, é a seguinte: o que é que o Governo vai fazer para
suprir este défice de pessoal? Vai abrir concurso para enfermeiros?
Podemos ainda abordar outras áreas, designadamente aquela que o Sr. Primeiro-Ministro aqui trouxe hoje,
a da investigação, inovação e qualificação. Quando falamos destas áreas não nos podemos esquecer dos
bolseiros de investigação científica. E o diploma de emprego científico é importante para combater a
precariedade destes bolseiros. Mas a verdade, Sr. Primeiro-Ministro, é que não está a ser aplicado pelas
instituições. Impõe-se, portanto, perguntar ao Governo que medidas vai tomar para que todos os bolseiros
abrangidos pela norma transitória tenham acesso ao seu contrato de trabalho.