15 DE FEVEREIRO DE 2018
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Costumo dar o seguinte exemplo: nós, hoje, temos vinhos de excelência como não tínhamos há 20 anos. E
não foi o clima que se alterou dramaticamente, nem foi o solo que se alterou por si só, nem foram as castas que
se transformaram por efeito mágico. Aquilo que temos hoje a mais na qualidade dos vinhos é que, hoje,
incorporam melhor conhecimento, porque aproveitam melhor os solos, as castas e o clima.
Ora, isto significa que o conhecimento é um valor intangível mas da maior importância, seja para a mais
moderna indústria, seja para a atividade mais tradicional do ser humano, que é a produção agrícola.
É por isso que esses Laboratórios Colaborativos são essenciais. Mas nunca esquecendo o seguinte: a melhor
forma de assegurar a transferência de conhecimento, a mais direta, a mais reprodutiva é mesmo o emprego
científico dentro das empresas. É por isso que o emprego de pós-graduados, doutores e post-doc dentro das
empresas é absolutamente essencial para podermos ter uma indústria cada vez mais desenvolvida e cada vez
mais competitiva.
Aplausos do PS.
E se há coisa de que podemos ter a certeza é o seguinte: se, no ano passado, a nossa produção industrial
contribuiu para um aumento de 14,7% das exportações, não foi porque os salários mínimos continuaram
congelados, não foi por continuarmos a destruir direitos, não foi por continuarmos a bloquear a contratação
coletiva; foi, pelo contrário, porque as empresas, hoje, investem mais em inovação e, investindo mais em
inovação, são mais produtivas e, sendo mais produtivas, são mais competitivas e, sendo mais competitivas,
podem exportar mais.
É essa a batalha que estamos a vencer e é nessa batalha que o País tem de se concentrar ao longo da
próxima década, se quisermos ter, efetivamente, uma década continuada de mais crescimento, melhor emprego
e maior igualdade.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Ainda no tempo do Partido Socialista, tem a palavra o Sr.
Deputado Carlos César.
O Sr. Carlos César (PS): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro e demais Membros do Governo, Sr.as e Srs.
Deputados, o tema escolhido para este debate, nos termos regimentais, foi «economia, inovação e
conhecimento». Foi disso que tratámos na intervenção antecedente.
Sabemos, como aqui salientámos, que a nossa competitividade e o nosso melhor lugar entre as economias
com que interagimos dependem da adequada qualificação dos nossos recursos humanos e, depois, da
capacidade das empresas para os acolher, da valorização dos produtos nacionais e da relação indutora entre
as instituições de ensino e de investigação e as empresas, ou das capacidades de inovação e de especialização
que ganham acrescida importância face à reduzida escala da nossa atividade produtiva, ou ainda de uma
reorientação do investimento externo, reforçando o seu cariz inovador e diversificador.
São esses os desafios que interessava discutir, numa fase de transição em que se processa a redefinição
das economias, do emprego e das relações societárias em geral.
Desses desafios a oposição parece não querer falar. Mas é disso que nos temos de ocupar, continuando nos
caminhos que têm conduzido aos bons resultados. E são justamente esses bons resultados que a oposição faz
por não reconhecer e que nestes debates faz por não debater.
Este debate, mais uma vez, demonstrou que a oposição tem horror ao sucesso do Governo e trata esse
sucesso como se ele também não fosse o sucesso do País.
Aplausos do PS.
São as políticas que temos desenvolvido que fazem da experiência portuguesa um percurso que se distingue
das demais na União Europeia. A nossa economia tem o crescimento mais sustentável das últimas décadas,
conjugando múltiplos fatores positivos. Depois do recuo no ritmo de crescimento na segunda metade de 2015,