I SÉRIE — NÚMERO 49
14
Infelizmente, o Sr. Ministro assumiu, nos programas de execução orçamental quer para 2017, quer para
2018, a continuação do programa PETI 3+ e estamos agora a chegar à conclusão de que essas opções foram
erradas, não no que se refere à necessidade de investimento em transportes de mercadorias, mas porque, como
a manta é curta, Sr. Ministro, e o Sr. Ministro sabe disso melhor do que eu, há uma série de investimentos em
transporte ferroviário de passageiros que, necessariamente, tem ficado para trás. Por exemplo, no caso da Linha
de Cascais — e com isto termino, Sr. Ministro —, falar em 7 milhões de euros de investimento, quando o projeto
de requalificação dessa Linha está orçamentado em cerca de 136 milhões de euros, é evidentemente uma gota
de água que não vai fazer rigorosamente diferença nenhuma no que diz respeito à necessidade estratégica de
promover a requalificação integral da linha ferroviária de Cascais.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para responder, o Sr. Ministro do Planeamento e
das Infraestruturas.
O Sr. Ministro do Planeamento e das Infraestruturas: — Sr. Presidente, antes de mais, com a autorização
de V. Ex.ª, partilharei as respostas com o Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, mas começo pelas
perguntas que me foram dirigidas sobre as matérias de infraestruturas e, em particular, de ferrovia e
comunicações.
Sr. Deputado Bruno Dias e Sr. Deputado Heitor Sousa, o investimento na ferrovia foi, efetivamente, uma
prioridade assumida por este Governo desde o primeiro momento. E tem razão, Sr. Deputado Heitor Sousa,
construímos o programa Ferrovia 2020 em cima do PETI, em cima daquilo que a anterior administração da IP
nos enunciou como prioridades e calendário de execução. Considerámos aquele calendário ambicioso mas
exequível e tivemos vários percalços pelo caminho que não nos retiraram a determinação para continuar a
executar investimentos que consideramos prioritários para o País.
Sr. Deputado Heitor Sousa, percebo a opção que refere pelo equilíbrio entre transporte de mercadorias e de
passageiros, mas, em qualquer caso, quero recordar-lhe que, se se quiser lembrar, os investimentos em curso
na Linha do Norte, os investimentos de eletrificação da Linha do Minho, os projetos em curso para a eletrificação
da Linha do Algarve, só para lhe dar alguns exemplos, Sr. Deputado, e mesmo os corredores internacionais,
também servirão, como temos discutido, ao transporte de passageiros.
Mas queria dizer-lhe que talvez fosse também o tempo de o Sr. Deputado, se tem outras opções que não
aquelas — e para além da linha que sabe que, infelizmente, ainda não tem financiamento assegurado, por parte
da União Europeia —, dizer, então, quais os investimentos que não realizaríamos, de entre aqueles que estamos
a realizar.
Pela nossa parte, estamos confortáveis com os projetos que estão no terreno, aqueles que estão financiados
no âmbito do Ferrovia 2020, dos fundos estruturais e do CEF (Connecting Europe Facility): a eletrificação da
Linha do Minho, que está em curso, entre Nine e Viana; os dois troços que estão em curso, de RIV (renovação
integral de via), na Linha do Norte; o investimento que está em curso ou para lançar neste mês, designadamente
o grande investimento no corredor de ligação entre Évora e Elvas; o investimento que vai começar entre a
Covilhã e a Guarda, o investimento que vai começar de Elvas até ao Caia…
Sr. Deputado, estamos confortáveis com os investimentos que estão priorizados, dissemos que era
importante manter aquele instrumento de planeamento que tinha sido consensualizado na sociedade portuguesa
e não passar o tempo a rasgar instrumentos de planeamento e a começar de novo para executar investimento.
Garanto-lhe que, se o senhor nos acusa de uma realização que considera insuficiente, eu também queria já
ter feito mais, mas estamos a fazer investimento com toda a energia e determinação e com as condições que
temos, nomeadamente, com constrangimentos, como declarações de impacte ambiental que caducam a meio
de processos de execução de projetos, porque elas tinham muitos anos e, como não foram executadas pelo
Governo da direita, tivemos de fazer uma nova avaliação ambiental, com processos de entidades externas no
âmbito da contratação pública que, como sabe, demoram meses, com opções agora diferentes, da parte da
nova administração da IP, relativamente à questão da coincidência de obras com linhas a funcionar ou com
interrupções de linha. Mas, mesmo assim, mesmo nessa linha a que me estou a referir, a Linha da Beira Alta,
as RIV também estão no terreno, Sr. Deputado.