I SÉRIE — NÚMERO 49
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do Governo revelou-se acertada e permitiu corrigir uma grave fragilidade da nossa economia, preparando o
sistema financeiro para apoiar as empresas.
Tendo presente que mais de 80% do financiamento do investimento privado é efetuado no sistema financeiro,
é fácil compreender o incontornável contributo desta opção para o crescimento do investimento e, por esta via,
das exportações.
Na verdade, o investimento regista o maior crescimento dos últimos 19 anos, cresce a dois dígitos e três
vezes mais do que a zona euro.
Quanto às exportações, estas já contribuem em 42% para o PIB e registaram o maior aumento dos últimos
sete anos. Tudo isto foi decisivo para a confiança dos investidores, cujos recordes nos índices não deixam
quaisquer dúvidas e permitiram um aumento extraordinário do investimento direto estrangeiro, onde a instalação
da Google é apenas mais um exemplo.
É esta a nossa conceção de investimento público: investimento produtivo, que puxa pelo investimento
privado, que gera confiança e que contribui para uma boa oferta pública de infraestruturas e de serviços públicos.
Sr. Presidente, há uma fronteira muito clara entre as opções deste Governo e as do Governo anterior, em
matéria de investimento público. Enquanto o PS tem concretizado o apoio ao investimento privado e o reforço
do investimento público, PSD e CDS travaram a fundo o investimento público e, pior do que isso, não foram
capazes de criar condições para a estabilidade no investimento privado.
Além disso, desinvestiram em setores absolutamente relevantes para o bem-estar dos cidadãos, por razões
obsessivamente financeiras de geração de receitas, no quadro das privatizações, superiores às solicitadas pela
própria troica.
Por outro lado, o desinvestimento no setor dos transportes por parte da direita e a incapacidade de preparar
o PT 2020 para uma rápida implementação de projetos foi uma herança que está a custar muito caro ao País e
que tem exigido muita determinação ao Governo, de modo a recolocar o investimento público nos níveis
adequados e a corrigir o apagão nas opções de investimento nos transportes.
É verdade que o Governo tem consciência que falta fazer muita coisa, mas todos compreendem que
recuperar do fundo do poço exige tempo.
Sr. Presidente, o crescimento do investimento público vai manter-se em 2018 e deverá atingir um valor
recorde de 4500 milhões de euros. Neste trajeto, manteremos, por um lado, a rigorosa avaliação dos impactos
do investimento com dinheiros públicos e, por outro, tudo faremos para que esse tipo de investimento puxe pelo
investimento privado.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Inscreveu-se, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado António
Costa Silva.
O Sr. António Costa Silva (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Carlos Pereira, esperava que, na sua
intervenção, nos falasse precisamente da Ferrovia 2020, que só avançou com 15% das obras prometidas há
dois anos. E também esperava que nos falasse dos desastrosos anos de investimento que tivemos nos últimos
anos.
Verdade se diga que, destes 15%, algumas das obras são meros lançamentos de projetos, ou seja, nem 15%
da vossa mentira conseguiram realizar. É que a aritmética não engana, Sr. Ministro e Sr. Deputado. De facto, o
papel e os PowerPoints governamentais aguentam tudo e, se forem apresentados perante uma plateia cheia de
gente, ainda melhor, aguentam mais. A realidade é que não aguenta.
Depois, veio a solução de todos os males: a reprogramação dos fundos comunitários — com isso, tudo seria
resolvido. Só que ela anda a ser anunciada desde 2016 e não temos nada, por agora.
A quebra do investimento público foi um desastre nos dois últimos anos — nestes dois últimos anos e meio,
ou quase e meio — da governação do Partido Socialista, com o apoio de todas as esquerdas.
Só em 2016, os cortes do investimento andaram na ordem dos 800 milhões de euros. Relativamente a 2017,
os números também não são famosos, mas ainda falta serem anunciados, estamos à espera. Mas, quando a
base é muito má, Sr. Ministro, qualquer coisinha é bom, sabe bem disso. Esses cortes foram muito piores do
que no tempo da troica, no tempo crítico da bancarrota que os senhores deixaram — não vos podemos deixar