I SÉRIE — NÚMERO 49
38
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente Jorge Lacão.
O Sr. Presidente: — Para a última intervenção de encerramento, tem a palavra o Sr. Ministro do Ambiente,
João Matos Fernandes.
O Sr. Ministro do Ambiente: — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A aposta no transporte público é
mesmo uma marca deste Governo, e isso começa por notar-se na assunção da mais ambiciosa meta de redução
das emissões de gases que produzem efeitos de estufa até 2030 (24% apenas no setor dos transportes);
consolida-se no facto de acreditarmos no serviço público que as empresas prestam, mantendo inalienavelmente
no setor público essas empresas; reforça-se na entrega aos municípios da gestão das empresas de autocarros
da Carris e da STCP, numa decisão de que nos orgulhamos, colocando a gestão de um modo flexível nas
mesmas mãos de quem gere a via pública, e fizemo-lo depois de fazer aprovar a compra de 510 autocarros de
elevada performance ambiental, dos quais cerca de 400 são para estas companhias, num investimento já
contratado de 154 milhões de euros; e complementa-se, ainda, no concurso exemplar para a exploração do
metropolitano do Porto, concurso que foi louvado pela Comissão Europeia, bem como nos investimentos que
estavam completamente parados no metropolitano de Lisboa, dos quais a estação de Arroios é o mais evidente,
e ainda a manutenção dos navios da Transtejo e da Soflusa — nestas empresas, o panorama que encontrámos
foi o de concursos vazios, pois os estaleiros nem a eles concorriam.
No caso das empresas de navios e do metropolitano de Lisboa, estamos ainda aquém do que desejávamos.
Parece claro que há uma maior confiança dos passageiros, pois de outra forma não teríamos tido o aumento de
5% no seu número.
Aos que se recordam de, no tempo do anterior Governo, termos perdido 100 milhões de passageiros em
transporte público, podemos contrapor que só no último ano a procura aumentou 23 milhões, com os dois
metropolitanos, de Lisboa e do Porto, a baterem records absolutos do número de passageiros.
Aplausos do PS.
Vai ser possível recuperar os 100 milhões de passageiros perdidos numa Legislatura e, confesso, nunca
imaginei que tal fosse possível. Na Metro de Lisboa estivemos cinco anos parados, as oficinas estavam vazias.
Somos um muito pequeno cliente de fornecedores únicos e isto dificulta a aquisição de peças. Admitimos agora
10 técnicos para a manutenção, mas não negamos que devemos continuar a subcontratar tarefas para
chegarmos ao final de maio com 89 composições em funcionamento, ou seja, mais sete do que as que hoje
temos.
É anacrónico o sistema de portas pneumáticas que ainda hoje existem em algumas composições do
metropolitano. Por isso, no início de março será lançado um concurso público para a substituição de todas essas
portas, no montante de 1,6 milhões de euros, e estamos a concluir a reprogramação do PO SEUR (Programa
Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos), que permitirá concretizar os investimentos das
expansões dos metropolitanos de Lisboa e do Porto, bem como dar início à remodelação das frotas da Transtejo
e da Soflusa.
As obras de expansão dos metropolitanos terão início no final do 1.º semestre de 2019. Os projetos do metro
do Porto estão em curso e ainda este ano serão lançadas as empreitadas para a sua construção e o estudo do
impacto ambiental do metro de Lisboa entrará na Autoridade de AIA (Avaliação de Impacte Ambiental) já no
próximo mês de março.
No metro de Lisboa, o fecho da linha circular do Cais do Sodré ao Campo Grande revolucionará o seu
funcionamento. A maior dificuldade de qualquer rede de transportes públicos é aproximar a oferta da procura,
mais ainda quando falamos de modos pesados, como o metropolitano. É, assim, essencial concentrar a maior
oferta no coração da cidade de Lisboa, pensando, depois disso, na sua expansão.
Sobre o material circulante, lançaremos este ano os concursos para Lisboa e Porto e o renting das novas
composições será integralmente financiado por receitas anuais do fundo ambiental, receitas essas que, recorde-
se, são aumentadas com o fim da isenção de ISP (imposto sobre produtos petrolíferos) na produção de energia
elétrica a partir do carvão, medida tomada por este Governo.