22 DE FEVEREIRO DE 2018
37
efetivamente, uma avaliação de impacto ambiental transfronteiriça que identifique claramente as consequências
e os impactos nos nossos territórios, para que se tomem as medidas adequadas face a essa mesma avaliação.
É por isto que o PCP, hoje, neste debate, volta a dizer — já o dissemos de manhã, já o afirmámos, na nossa
intervenção — que tudo fará para que o interesse nacional e os interesses das populações sejam protegidos e
sejam salvaguardados.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Soares.
O Sr. Pedro Soares (BE): — Sr. Presidente, começo por agradecer aos Srs. Deputados José Manuel
Carpinteira e Paula Santos as questões que colocaram.
Quero apenas referir, muito rapidamente, que reconheço que o Governo português tem feito alguma coisa,
tem trocado correspondência com o Governo espanhol, efetivamente. Têm sido cartas até com algum carinho
entre os dois Governos, pois somos países amigos, países vizinhos.
Mas, Srs. Deputados, falta claramente uma questão aqui, falta atitude política relativamente à gravidade da
situação. Esse é o problema central, Srs. Deputados, porque não chega fazer declarações públicas depois da
visita que a Comissão de Ambiente fez a Retortillo e depois de ter havido a repercussão mediática que houve e
a mobilização de autarcas de um lado e do outro da fronteira.
O Governo português já deveria ter tido essa atitude política antes, já deveria ter mobilizado todas as suas
disponibilidades diplomáticas, no sentido de exigir a Espanha o cumprimento do Protocolo de atuação entre os
dois países, e não o fez, efetivamente. Tem estado a fazer perguntas. É bom que faça perguntas, mas, Srs.
Deputados, nós precisamos é de respostas, nós precisamos de garantias do Governo espanhol relativamente a
esta questão, e é isto que não tem existido.
Por isso, digo e reafirmo, não tem havido atitude política por parte do Governo. É preciso que haja, de uma
vez por todas, atitude política por parte do Governo português. Por isso, coloquei este desafio concreto ao
Governo português: em primeiro lugar, que o Ministério dos Negócios Estrangeiros desenvolva todas as
possibilidades diplomáticas que tem no sentido de exigir ao Governo espanhol o cumprimento do Protocolo de
atuação entre os dois países; em segundo lugar, que o Governo português, através do seu Primeiro-Ministro,
dê um sinal fundamental ao País e a Espanha de que está disponível para mobilizar todos os seus meios políticos
para defender, como dizia a Sr.ª Deputada Paula Santos, o interesse público, os interesses das populações, os
interesses do nosso território, o interesse do ambiente e dos ecossistemas do nosso País. Era muito importante
que se deslocasse ao distrito da Guarda, que se deslocasse ao Douro Internacional e que o afirmasse, clara e
publicamente, para que todos pudessem ouvir e para que as populações daqueles territórios também
ganhassem confiança no Governo português para a defesa dos seus interesses.
É este o sentido, é esta a atitude política que é fundamental que seja tomada, e que ainda não o foi.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Passamos ao segundo bloco de pedidos de esclarecimento.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Emília Cerqueira.
A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Pedro Soares, hoje tem sido um dia quase
inteiramente dedicado a esta matéria, quer pelo PSD quer pelo Bloco, através do Sr. Deputado e de mim própria.
Deixe-me dizer-lhe que estamos solidários com a sua intervenção, pelo menos com quase toda a intervenção.
Concordamos que é importante haver uma atitude enérgica, proativa, atuante por parte do Governo para vir
proteger estas populações.
Vemos esta preocupação com bons olhos, e é bom que isto fique bem claro, porque estamos a falar do nosso
interior mais pobre, mais envelhecido, mais deprimido e cuja única riqueza é, verdadeiramente, a sua paisagem,
a sua natureza, o seu meio ambiente, a sua envolvente, esta é a grande riqueza daqueles territórios que não
têm muitas outras fontes de rendimento e de riqueza para se valorizarem, e ficámos preocupados tanto em
Almeida, na reunião com os autarcas como, depois, em Espanha, na reunião com os alcaides, que também nos