22 DE FEVEREIRO DE 2018
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O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Soares.
O Sr. Pedro Soares (BE): — Sr. Presidente, Sr.as Deputadas, Srs. Deputados, começo por agradecer às
Sr.as Deputadas Emília Cerqueira e Heloísa Apolónia as questões que colocaram.
Sr.ª Deputada Emília Cerqueira, sei que é originária de um território que tem características rurais e,
certamente, conhece muito bem aquilo que se passa com as populações que vivem nesses territórios. São
populações que têm um nível de desproteção elevado, que têm, por vezes, dificuldade em fazer ouvir a sua voz,
em reivindicar o interesse próprio nestas matérias.
Sr.ª Deputada, acha bem que populações destes territórios rurais, de baixa densidade, abandonados,
estejam há quatro anos sem qualquer resposta, sem qualquer referência dos governos portugueses, dois deles
da responsabilidade do Governo PSD/CDS? Isto é inconcebível! Isto não é atitude, isto não é proteger
populações que precisam, em primeiro lugar, de ser protegidas pelo Estado português e, no caso concreto, pelo
Governo português. Isto não foi feito e, felizmente, agora, por iniciativa da Assembleia da República, este
problema está a ser suscitado.
Ainda bem que a Comissão do Ambiente foi visitar aqueles territórios e falou com os autarcas de um lado e
com os alcaides do outro lado da fronteira. Houve populações que se mobilizaram à nossa ida e, como já foi dito
hoje, na reunião da Comissão, houve pessoas de Retortillo, espanhóis, que vieram ter connosco e que nos
disseram «a nossa última esperança está em vós. Está nos Deputados e nas Deputadas portugueses. Levantem
esta questão, porque nós precisamos de impedir, de travar a implantação daquela mina perigosíssima de
exploração de urânio, em Retortillo».
A Sr.ª Deputada, que conhece bem a população rural, também sabe, com certeza, o que é uma ladainha.
Essa repetição da oração de que fazemos parte da maioria que apoia o Governo e, como tal, parece que não
temos legitimidade para colocar as questões já não convence ninguém, a não ser aqueles que têm fé nessa
ladainha, e só a Sr.ª Deputada é que poderá tê-la.
Devo dizer que a postura do Bloco de Esquerda, independentemente de fazer parte da maioria parlamentar
que suporta este Governo, tem sido sempre de colocar todas as questões, todas as suas discordâncias com
toda a frontalidade e, mais uma vez, foi isso que fez em relação às populações de Almeida, de Retortillo e de
toda aquela região do Douro Internacional.
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. Pedro Soares (BE): — Está a fazê-lo e ainda bem que se está a procurar consenso nesta Assembleia
da República no sentido de haver uma votação clara, se possível unânime, em defesa destas populações com
vista a travar a exploração mineira.
Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, queria dizer-lhe que, como é óbvio, pode contar com o nosso voto e também
com o nosso contributo para que em relação aos vários projetos de resolução haja uma grande votação nesta
Assembleia da República no sentido de colocar ao Governo português a necessidade absoluta de diligenciar de
forma a travar a exploração mineira de Retortillo-Santidad.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma declaração política, tem a palavra a Sr.ª Deputada Patrícia
Fonseca, do CDS-PP.
A Sr.ª Patrícia Fonseca (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: A agricultura e as florestas ocupam
três quartos do nosso território, mas muitos teimam em continuar a ignorar o contributo que estes setores dão
para o crescimento da economia e para o desenvolvimento sustentável do País.
Nos anos de 2011 a 2015, quando Portugal esteve sob intervenção financeira, a recuperar da bancarrota em
que o Partido Socialista o colocou, o setor agrícola mostrou toda a sua resiliência, dinamismo e capacidade de
inovação.
Nesse período, as exportações do agroalimentar e florestas cresceram sempre acima do resto da economia
e sempre mais do que as importações, o que contribuiu para uma redução substancial do défice da balança
comercialdo setor.