24 DE FEVEREIRO DE 2018
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O Sr. Ministro da Saúde: — Sr. Presidente, Sr. Deputado José António Silva, aceito com muito gosto o
desafio que me coloca e que, aliás, me permite que eu um dia destes possa retribuir também, perguntando sobre
quais as responsabilidades que acomoda na sua consciência.
Vamos ao princípio das responsabilidades deste Governo. Este Governo é responsável por, em dois anos,
ter feito o maior número de consultas hospitalares e de cuidados primários desde sempre; é responsável por ter
operado o maior número de doentes e, efetivamente, ter feito o maior número de cirurgias; é responsável por
ter melhorado o acesso em termos de diminuição das barreiras económicas, com o corte que foi feito nas taxas
moderadoras e com a atualização do acesso ao transporte de doentes não urgentes; é responsável por ter o
número recorde de transplantes alguma vez realizado, programa esse que foi gravemente afetado, como sabe,
em 2012 e 2013, por um medida intempestiva tomada pelo Governo que o senhor apoiou; é responsável pelo
maior número de recursos humanos de que há memória no Serviço Nacional de Saúde; é responsável pela
recuperação do financiamento;…
Protestos da Deputada do PSD Ângela Guerra.
… é responsável pela maior dotação de capital, que permitirá estabilizar financeiramente o Serviço Nacional
de Saúde; é responsável pela maior vaga de acesso à inovação terapêutica, em termos de medicamentos para
o cancro, para o VIH/Sida e para a hepatite C, entre outros.
Sr. Deputado José António Silva, este Governo é responsável por ser, como deve ser qualquer Governo,
humilde.
A Sr.ª Ângela Guerra (PSD): — Oh!
O Sr. Ministro da Saúde: — Humildade é reconhecer que há muito trabalho por fazer, mas, Sr. Deputado,
também em termos de investimento, a história que há para contar relativamente àquilo que o senhor está a
descrever compara muito favoravelmente ao Governo.
Sr. Deputado, digo-lhe o seguinte: no meio desta confusão que vamos vendo — sabemos bem que é assim
a estratégia —, os senhores tudo farão para, nos meses que nos separam do final da Legislatura, criar
insistentemente uma perceção contrária à realidade. Sabe porquê, Sr. Deputado José António Silva? Porque os
senhores não veem com muito bons olhos a confrontação de quatro anos com quatro anos. Desde o princípio
que sentimos essa dificuldade, porque, aí sim, os indícios que têm são de tal maneira desfavoráveis que agora
se entretêm num jogo de responsabilidades, inventando diferenças ou divisões onde elas não existem, porque
também vos custa muito ter pela frente um Governo que é uno, que tem coerência e coesão nas políticas que
pratica e que fala a uma única voz. É isso que vos custa, mas, efetivamente, eu por isso não sou responsável.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem agora a palavra, para formular perguntas, a Sr.ª Deputada
Catarina Marcelino.
A Sr.ª Catarina Marcelino (PS): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Srs. Secretários de Estado Adjunto e da
Saúde e dos Assuntos Parlamentares, Sr.ª Secretária de Estado da Saúde, Srs. Deputados e Sr.as Deputadas,
acho que só pode haver uma explicação para aquilo a que assistimos aqui, hoje, por parte do PSD e do CDS:
um apagão de memória. É a única explicação para aquilo que aqui ouvimos, hoje.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
É porque, se não é um apagão de memória, só pode ser hipocrisia política. É lamentável que quem fez o que
fez ao Serviço Nacional de Saúde… Aliás, já hoje foram relembradas situações graves desse tempo, como a
história das fraldas que não existiam, tendo os doentes de usar toalhas, em vez de fraldas. Mas também podia
recordar a situação triste que foi ver — e da qual muitos de nós têm memória —, numa audição com o Sr.