8 DE MARÇO DE 2018
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A Sr.ª Wanda Guimarães (PS): — Portanto, Sr.as e Srs. Deputados, bem pode o PSD mudar de líder, bem
pode o PSD mudar de líder parlamentar, porque enquanto não mudar nem as políticas, nem a linguagem, nem
o seu olhar sobre a sociedade o PSD será sempre o PSD ultraliberal do Dr. Passos Coelho!
Aplausos do PS.
É evidente, Sr.as e Srs. Deputados, que a democracia é um exercício difícil, é um exercício muito exigente e,
quiçá, todos o reconhecemos, mais demorado. É óbvio que é muito mais fácil fazer como fazia a direita:
carregava num botão e, de um dia para o outro, «toma lá mais cinco horas de trabalho por semana para cada
trabalhador» — muito melhor, não demora tempo nenhum!
Risos e aplausos do PS.
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Porque é que não fala para o Bloco?!
A Sr.ª Wanda Guimarães (PS): — É muito mais fácil fazer um decreto, mudar os feriados, cortar nos
vencimentos, cortar nas pensões, trazer a imprevisibilidade à vida das pessoas. Tudo isso é facílimo.
O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — Muito bem!
Protestos da Deputada do PSD Maria das Mercês Soares.
A Sr.ª Wanda Guimarães (PS): — Nós não temos essa visão da sociedade. Achamos que temos, sim, de
fazer um processo partilhado, porque nos parece essencial que ele seja partilhado, que ele seja consistente,
que ele seja transparente, em suma, que ele seja democrático e, sobretudo, que ele seja bem feito. É esse o
nosso objetivo e é isso que estamos a fazer. E devo dizer-vos, com toda a sinceridade, Sr.as e Srs. Deputados,
por mais que agrade ou desagrade a uns ou a outros, não nos afastaremos um milímetro do caminho que
traçámos, porque este é o caminho do Programa de Governo do Partido Socialista.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr.ª Deputada Wanda Guimarães, a propósito da sua
intervenção, permita-me que dê um esclarecimento à Câmara.
A função do Presidente da Assembleia da República é a de dirigir os trabalhos, não a de fazer de censor.
Portanto, não avalio o melhor ou o pior gosto das intervenções de cada um. Julgo que a intervenção da Mesa
só se deve justificar quando estão em causa, digamos, atentados pessoais à honra dos Deputados.
Do ponto de vista político, cada um dirá o que entender, mas permita-me, Sr.ª Deputada, que lhe sublinhe
uma coisa, já que a Sr.ª Deputada Helena Roseta não está aqui: posso não gostar da expressão que foi utilizada,
mas já ouvi, muitas vezes, serem utilizadas nesta Casa as expressões «roubo» e «assalto» sem que tenha
havido tanta preocupação da parte dos Srs. Deputados.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Filipe Anacoreta Correia.
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Ministros, Srs.
Secretários de Estado: é natural que algumas das intervenções que aqui ouvimos hoje queiram tanto remeter
para o passado. E quando o Partido Socialista quer remeter para o passado é porque o presente não lhe convém.
A Sr.ª Ilda Araújo Novo (CDS-PP): — Muito bem!