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I SÉRIE — NÚMERO 57

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Se houvesse que fazer um balanço, o que mais impressionava era a atitude de deslumbramento que

caracteriza o discurso do Partido Socialista e do Governo.

Vozes do PSD: — Muito bem!

A Sr.ª ClaraMarquesMendes (PSD): — O Governo está deslumbrado com os números do crescimento

económico. É verdade que os números são bons, mas também é verdade que poderiam ser melhores. A maior

parte dos países da União Europeia está a crescer mais do que Portugal. E os países com os quais nos devíamos

comparar estão praticamente todos a crescer acima dos 3%; portanto, mais do que Portugal.

Por que é que isto sucede, Srs. Deputados? Porque estamos a crescer, apenas e só, à boleia do crescimento

da Europa. Se as políticas internas ajudassem, Portugal não estaria apenas a crescer 2,7%, estaria a crescer

muito mais e com muito mais ambição.

O Sr. AdãoSilva (PSD): — Muito bem!

A Sr.ª ClaraMarquesMendes (PSD): — Mais: este crescimento é feito com base no modelo que o PSD

sempre defendeu e que o PS sempre contestou.

Para o Governo, há dois anos, o consumo é que seria o grande garante do crescimento da economia. Dois

anos depois, sucede o contrário. Os dois grandes motores do crescimento da nossa economia são o

investimento e as exportações. Ou seja, o deslumbramento do Governo é, apenas e só, um exercício de

arrogância política e intelectual.

Afinal, estamos a crescer apesar do Governo, sem a ajuda do Governo e contra o modelo que o Governo

defendia.

O Sr. TiagoBarbosaRibeiro (PS): — Contra tudo e todos!

A Sr.ª ClaraMarquesMendes (PSD): — É mérito, sobretudo, dos empresários, dos trabalhadores, da

Europa e das condições excecionalmente favoráveis que nos sopram do exterior.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Governo está deslumbrado com os números do desemprego e é verdade

que os números são positivos. Há um aumento da criação de emprego e há uma redução do desemprego. Mas

há uma outra face da verdade que o Governo, o Partido Socialista e os partidos da esquerda radical que apoiam

o Governo não podem ignorar: o emprego precário não diminuiu;…

O Sr. TiagoBarbosaRibeiro (PS): — Isso é mentira!

A Sr.ª ClaraMarquesMendes (PSD): — … o fosso salarial não reduziu; a desigualdade salarial entre

homens e mulheres não se atenuou, nem melhorou; a falta de investimento no ensino profissional é uma

realidade inquietante. E nem sequer há um esboço de reflexão sobre as tendências do futuro!

Aplausos do PSD.

O que mais nos preocupa é que os jovens de hoje hão de exercer, no futuro, uma profissão que ainda hoje

não se conhece e nem sequer existe. Ou seja, em matéria de emprego, o Governo, o Partido Socialista e todos

os partidos que o apoiam não se preocupam com o futuro e muito menos em ter uma visão estratégica para o

futuro. A política que utilizam é a do «deixa andar», é a política do dia a dia e têm uma atitude apenas de

contemplação.

Sr.as e Srs. Deputados, precisamos de mais emprego e também de melhor emprego, emprego mais

qualificado e melhor remunerado, emprego que valorize as mulheres e não as discrimine de forma injusta.

Precisamos de uma aposta na educação e de um investimento na formação que nos permita encarar com maior

sucesso o presente e encarar com redobrada esperança os desafios do futuro. Precisamos de um governo que

seja menos deslumbrado e mais ativo, menos arrogante e mais participativo, menos retórico e mais cooperante