9 DE FEVEREIRO DE 2018
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A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Falar neste Dia da Mulher é dar a garantia, por parte do Bloco de Esquerda, de
que cá estaremos, todos os dias, para lutar pelos direitos que nos têm sido negados sucessivamente.
Contra todos os conservadorismos e opressões, pela liberdade e pela afirmação dos direitos das mulheres,
pela defesa das reivindicações emancipatórias das mulheres por uma sociedade mais justa e igualitária tem de
haver a coragem de intervir também no mundo do trabalho e nas leis laborais.
No dia 8 de março, o desafio, um dos maiores desafios que aqui fica é, de facto, o de reverter a legislação
gravosa que foi incluída, durante o Governo da direita, no Código do Trabalho, independentemente de PSD e
CDS não quererem assumir a sua responsabilidade também nas questões de género e nas desigualdades que
as mulheres hoje sofrem.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias, do Grupo Parlamentar
do PCP.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Verificamos que o PSD veio hoje ao
Plenário da Assembleia da República fazer um exercício que, no essencial, mais não foi do que a repetição do
seu manifesto de exigências e encomendas dos grupos económicos e dos seus interesses, desde logo no plano
das relações de trabalho e dos direitos dos trabalhadores.
Tivemos, aliás, nas intervenções do PSD, uma dicotomia muito interessante: por um lado, mantém o seu
plano e o caderno de encargos relativamente a garantir que os grupos económicos e o patronato assumem e
continuam a ver salvaguardadas as suas exigências e intenções na caducidade da contratação coletiva, nos
bancos de horas, na adaptabilidade dos horários concentrados, nos baixos salários e depois vêm dizer que não
se consegue arranjar trabalhadores. Ou seja, aquilo que se consegue verificar na realidade atual da nossa
economia é que aqueles que, como o PSD e o CDS, impuseram durante anos um modelo de precariedade e de
baixos salários, um modelo de miséria nos salários aos trabalhadores, que empurraram para a emigração
centenas de milhares de trabalhadores altamente qualificados, são aqueles que hoje, em março de 2018, vêm
dizer à Assembleia da República que as pessoas não conseguem encontrar quem trabalhe.
Sr.as e Srs. Deputados, o problema está exatamente no modelo económico e social que os senhores tentaram
impor ao País, tendo sido derrotados pela luta dos trabalhadores, mas também dos micro, pequenos e médio
empresários, que hoje têm a experiência concreta de um crescimento económico que, no fundamental, resulta
da dinamização da economia, da dinamização da procura interna, tendo em conta o que é a experiência concreta
da procura externa líquida, isto é, das dificuldades que continuamos a enfrentar e a que temos de responder de
uma forma decidida, firme e empenhada quanto às necessidades de criar condições para que os nossos setores
produtivos, a nossa produção nacional consiga vencer não apenas o desafio das exportações mas a questão
da substituição de importações por produção nacional, porque não vale a pena estarmos a exportar em grande
quantidade aquilo que, no essencial, resulta de importações para a nossa economia.
Srs. Deputados, a questão fundamental é, efetivamente, de modelo económico e social. E verificamos hoje
nos resultados da nossa economia que não apenas se tratou de um direito, de uma questão civilizacional, de
uma questão fundamental no plano social e político, que foi a devolução de rendimentos e de direitos aos
trabalhadores e às populações, mas foi, desde logo, uma condição para o desenvolvimento, foi uma condição
para o crescimento económico, porque mais poder de compra, mais capacidade das populações e dos
trabalhadores dinamizou a economia e gerou procura interna e o comércio, os pequenos empresários e a
indústria nacional ganhou também com isso. Essa é uma questão que o PCP não pode deixar de sublinhar nesta
fase do debate.
Por outro lado, Srs. Deputados, queremos também sublinhar que isto das empresas e dos empresários não
é tudo a mesma coisa, porque enquanto alguns se concentram e apenas falam daquilo que diz respeito aos
interesses dos grandes grupos económicos das multinacionais, os tais investidores que os senhores invocam
com a questão de que é obrigatório colocar os trabalhadores a viver em condições cada vez piores, nós
chamamos a atenção para a necessidade de recusar esse modelo e esse discurso, mas ao mesmo tempo não
deixar esquecer aquelas que são as necessidades, as exigências e os compromissos assumidos pela
Assembleia da República e pelo Governo, no sentido de dar resposta às questões que dizem muito aos micro,