I SÉRIE — NÚMERO 58
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Temos consciência de que, por trás desta proposta de lei, existe certamente já muito trabalho desenvolvido
— aliás, não poderia ser de outra forma, tendo em conta que se trata de alterar um conjunto muito significativo
de diplomas, não apenas o Código Civil mas diplomas estruturantes do nosso ordenamento jurídico. Mas
também esta Assembleia, depois deste debate na generalidade, terá um trabalho muito intenso a desenvolver
relativamente a esta matéria, trabalho esse que, pensamos, deve ser feito com total abertura ao debate para
que se encontrem soluções adequadas, com a devida flexibilidade mas com condições para corresponderem às
expectativas com que hoje todos encaramos o início deste processo legislativo.
Como disse há pouco, esta é uma daquelas matérias em que é indispensável legislar, mas não basta só
legislar. Os mecanismos que vamos instituir exigem que haja condições de acompanhamento das decisões
judiciais para que também elas próprias, como, aliás, a própria proposta de lei prevê, se possam ir adaptando à
natureza das decisões sobre as quais têm de deliberar. Obviamente, para que essas decisões sejam justas,
elas têm de dispor de mecanismos de acompanhamento necessariamente adequados à preparação das
decisões para que elas sejam justas e para que esta legislação não venha a ser, daqui a uns anos, motivo de
insatisfação por parte de pessoas que estejam diretamente envolvidas na sua aplicação.
Congratulamo-nos com este processo legislativo, pensamos que será muito importante para a sociedade
portuguesa a conclusão dos seus trabalhos e manifestamos, obviamente, toda a disponibilidade do Grupo
Parlamentar do PCP para participar nos mesmos.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — A inscrição seguinte, para uma intervenção, é da Sr.ª Deputada
Vânia Dias da Silva.
Faça favor, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra da Justiça, Sr.ª Secretária de Estado
Adjunta do Primeiro-Ministro, Sr.as e Srs. Deputados: O Sr. Deputado Fernando Anastácio disse, há pouco, da
tribuna, que o CDS trazia agora, pela janela, outra vez a questão dos idosos.
Sr. Deputado, nós congratulamo-nos com isso. Trá-la-emos pela janela, pela porta, pela porta da frente, pela
porta de trás, e trá-la-emos sempre, porque entendemos que esta é uma questão demasiadamente importante
para ser esquecida. Os senhores é que, normalmente, não a trazem ou, quando o fazem, trazem-na pelo
postigo,…
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — … portanto, era bom que isso ficasse bem assente.
Queria dizer-lhe ainda, Sr. Deputado, que escolheu precisamente o pior exemplo para dizer mal das
iniciativas do CDS. E explico-lhe porquê.
O Sr. Deputado referiu, há pouco, que o Ministério Público tinha dito que estes projetos do CDS não faziam
o menor sentido e que estávamos aqui a trazer matérias que não podiam ser tratadas da maneira como o CDS
as tratava. Sr. Deputado, aconselhava-o a ler melhor o parecer que, à época, o Ministério Público proferiu,
porque o Ministério Público em relação à matéria criminal, que então apresentámos, tinha, de facto, várias
reservas, mas em relação à questão da indignidade sucessória não só a saudava, como dizia que era preciso
ponderar se não se deveria ir mais longe em relação a outros crimes.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Ora!
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Portanto, Sr. Deputado, está completamente enganado. O
Ministério Público tem opinião exatamente contrária à vossa e entende precisamente que deve ser feito de outra
maneira. Aliás, devo dizer-lhe que a Ordem dos Advogados, à época, também saudava este projeto e também
dizia que já tardava tratarmos da questão da indignidade sucessória.
Portanto, Sr. Deputado, está sozinho nessa questão, porque nem sequer as entidades entendem ser assim.
O PS ficará, como disse há pouco, com esse ónus. O CDS não deixará de insistir e não desistirá.