I SÉRIE — NÚMERO 61
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Também votou contra o Orçamento, em que era instituída uma cláusula de salvaguarda para proteger de
esquemas de planeamento fiscal agressivo que usam offshore e territórios com tributação privilegiada.
Sr. Deputado, o único partido que inscreveu o fim da contribuição extraordinária sobre a energia num
programa foi o seu partido, que previa o fim da CESE (contribuição extraordinária sobre o setor energético)
sobre as grandes elétricas.
Aplausos do BE.
Não nos esquecemos de como é que o PSD votou a contribuição extraordinária sobre as rendas da energia,
aqui apresentada no último Orçamento do Estado. Sabe que mais, Sr. Deputado? Se o PSD tivesse votado a
favor, essa contribuição hoje existia e a EDP pagava mais 60 milhões por ano sobre as rendas da energia.
Por isso, Sr. Deputado, a desfaçatez do PSD não se pode tratar com condescendência, mas também não se
deve levar muito a sério. O PSD contribuiu para as regras e para as leis que permitem à EDP apresentar esta
vergonhosa e indigna taxa de imposto efetiva.
Cá estaremos, como sempre, para combater e para alterar essas leis.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem agora a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado João Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs.
Deputados: Este debate é importante e, por isso, deve saudar-se o PSD pela iniciativa, porque permite
caraterizar este Governo e esta maioria em matéria de tributação das empresas.
A tributação das empresas tem permitido perceber — e já estamos a mais de metade da Legislatura — que
este Governo, nesta matéria, é incoerente, é injusto, é imprudente, e, sendo isto tudo, vou dar oportunidade ao
Governo de provar que não é também dissimulado, com uma questão que colocarei no final.
É incoerente, desde logo, na reavaliação de ativos que permitiu, uma verdadeira borla fiscal àquelas
empresas de que a Sr.ª Deputada Mariana Mortágua fala, que no Orçamento parece que vão pagar mais e,
depois, na prática do Governo, acabam a ser beneficiadas por todas as borlas. Isto permite ao Bloco de
Esquerda fazer o número durante a aprovação do Orçamento e ao Governo, a seguir, manter tudo como está
ou ainda melhor para essas empresas. E permite ao Bloco de Esquerda, a seguir, calar-se como se nada fosse.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — O que aconteceu é simples: o Governo, para uma receita
imediata, constituiu um custo futuro; para um benefício do seu Governo, pôs, para as novas gerações e para os
governos seguintes, um custo. O custo está contabilizado pela UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental):
242 milhões de euros. O que os senhores fizeram foi prejudicar o Estado e os contribuintes em 242 milhões de
euros, beneficiando a vossa execução orçamental, beneficiando as empresas e prejudicando o futuro do País.
Aplausos do CDS-PP.
Quando se percebe o detalhe desta borla fiscal, ficamos ainda mais chocados: cinco empresas constituíram
dois terços desta borla fiscal. Apenas cinco empresas beneficiaram de grande parte destes 242 milhões de
euros. Pior, quase 50% desta borla fiscal foi para uma única empresa, empresa essa que até, de forma
transparente, pôs no relatório de contas que teria um benefício líquido estimado de 174 milhões de euros. Está
no relatório de contas, Srs. Deputados, é a própria empresa que o diz.
O CDS não só votou contra esta reavaliação de ativos como propôs a sua revogação. O que é que
aconteceu? O PSD votou a revogação desta reavaliação de ativos com o CDS, o PS votou contra, o Bloco votou
contra e o PCP votou contra. Portanto, se há borla fiscal à EDP e a outras empresas em Portugal é porque o
Bloco de Esquerda e o PCP apoiaram o PS para que essa borla fiscal existisse.