I SÉRIE — NÚMERO 61
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da taxa de IRC para 12,5% no interior para os primeiros 15 000 €; a redução do prazo de reporte de prejuízos
fiscais para as grandes empresas de 12 para 5 meses; e a redução do universo de empresas que beneficiam
da isenção de IRC relativa à obtenção de lucros e mais-valias oriundas de participações que essas mesmas
empresas detenham em outras empresas sediadas em territórios estrangeiros.
Relativamente a estas propostas, o PSD votou contra. E se, de facto, estas propostas tivessem sido
rejeitadas, como queria o PSD, a EDP hoje pagaria menos impostos.
Também não podemos esquecer que foram o PSD e o CDS que propuseram no PEC de 2015 a extinção da
contribuição extraordinária para o setor energético e que foram o PSD e o CDS que propuseram, no início desta
Legislatura, o fim da contribuição extraordinária para o setor energético, que seria um grande favor prestado à
EDP, que teria poupado centenas de milhões de euros se a proposta do PSD, apresentada no início desta
Legislatura em relação à contribuição extraordinária para o setor energético, tivesse sido aprovada.
A pergunta que gostaria de colocar-lhe, Sr. Deputado, é a seguinte: o PSD mudou de opinião em relação a
isto tudo? Contradiz todas as opções que tomou nesta Legislatura?
O PSD agendou este debate, o líder do PSD disse que era importante fazer alterações à lei fiscal, mas, no
seu discurso, não se ouviu uma única proposta, uma nova proposta, uma única ideia.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares (Pedro Nuno Santos): — Exatamente!
O Sr. João Paulo Correia (PS): — E quem exige o quê? É neste momento a maioria parlamentar e o PS,
que está a usar da palavra, que pergunta ao PSD: quais são as vossas propostas? Mudaram de opinião?
Mudaram de posição? O PSD continua sem bússola. A sua intervenção e este agendamento são um autêntico
tiro de pólvora seca do PSD.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado António Leitão Amaro.
O Sr. António Leitão Amaro (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado João Paulo Correia, agradeço as suas
questões, mas lamento as suas confusões.
Sr. Deputado, presumo que não desmente os números oficiais de que, dois anos volvidos, o País e a
economia nacional pagaram mais de 3 mil milhões de euros de impostos. Isso é receita fiscal!
O Sr. Deputado não desmente os cálculos da UTAO que dizem que a carga fiscal em 2017 aumentou face a
2016! Espero que não desminta!
Mas, Sr. Deputado João Paulo Correia, é preciso explicar-lhe porquê: é que os senhores decidiram, através
de aumentos diversos em impostos indiretos, que, segundo contas do seu Governo, apenas o efeito na mudança
das taxas e nas regras de imposto representaram, até ao final de 2017, cerca de 800 milhões de euros, e, em
2018, em outros impostos indiretos, mais 150 milhões de euros! Isto só pelo efeito de mudança de taxas! E
grande parte disto representa imposto sobre os combustíveis, que cai especialmente sobre o gasóleo, que recai,
muito particularmente, também sobre as empresas. Portanto, sim, os senhores também aumentaram impostos
sob essa forma escondida, que foi a de agravar o imposto sobre os combustíveis.
Sr. Deputado João Paulo Correia, outra confusão sua é quando pergunta: «Mas os senhores não propuseram
a descida da taxa nominal de IRC e a retoma da reforma do IRC?!» Sim, nós fizemos isso e esperávamos que
os senhores cumprissem a vossa palavra. Mas o problema é que o Sr. Deputado confunde e não percebeu nada
do problema!
É que aquilo que soubemos neste fim de semana foi que a questão está não na taxa nominal, que continua
muito elevada, mas, sim, na taxa efetiva. Porquê? Por causa de um conjunto de planeamentos, eventualmente
— reconhecemo-lo e admitimo-lo — de insuficiências legais, que pode ser o caso, mas também de decisões
vossas.
A EDP, de acordo com as suas próprias contas, conseguiu poupar, retirar ao IRC que pagaria, se fosse
cumprida a taxa nominal, 174 milhões de euros por uma borla que os Srs. Deputados do Bloco de Esquerda, os
Srs. Deputados do PCP e os Srs. Deputados do PS se juntaram para lhes dar. Sim, é com coisas dessas que a
taxa nominal, que é demasiado elevada, cai para a taxa efetiva.