I SÉRIE — NÚMERO 63
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O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Sr.as e Srs. Deputados, vamos iniciar a nossa sessão.
Eram 15 horas e 6 minutos.
Peço aos Srs. Agentes da autoridade que determinem a abertura das galerias.
Srs. Deputados, como sabem, a nossa ordem do dia é composta de um ponto único, o debate, por marcação
do PS, sobre «modernizar a economia através da inovação e da ciência».
Para abrir este debate, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Pereira, do PS.
O Sr. Carlos Pereira (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em 2015, encontrámos um País a
divergir da Europa. Não divergiu apenas nesse ano, divergia desde o ano 2000, ou seja, esteve quase duas
décadas a crescer menos que os parceiros europeus, no fundo, a empobrecer ano após ano. Em termos médios,
a União Europeia cresceu nesse período 2,9% e Portugal 2,1%. Pior do que nós, só dois países, Itália e Grécia,
que tiveram um crescimento médio abaixo de 2%.
Esta realidade foi acompanhada de outra que marcou a economia portuguesa nesse período: por um lado, a
queda do contributo do investimento para o PIB de 28% para 15%, muito à custa da crise da construção civil, e,
por outro, o aumento do contributo das exportações para o crescimento económico, uma duplicação desse
impacto, feito com o empenho e a resiliência de empresas e empresários portugueses, que combateram a
exiguidade do nosso mercado, ganharam escala, tornando-se mais competitivos e contribuindo, assim,
decisivamente, para aumentar as quotas de mercado das nossas exportações.
Se é verdade que Portugal foi o campeão na divergência económica em relação à Europa, também deve ser
dito que esse ciclo foi invertido em 2017, com um crescimento económico robusto, o mais elevado do século e
superior à média da União Europeia, tendo também diminuído, de forma expressiva, a diferença da taxa de
crescimento em relação àqueles países que sempre cresceram mais do que Portugal.
Estes resultados são acompanhados por recordes na criação de emprego, permitindo, ao mesmo tempo, a
criação de condições para o retorno de jovens que saíram do País, melhorando assim o PIB potencial.
É verdade que persistem desafios. Não há dúvidas que a competitividade da economia portuguesa exige
políticas públicas capazes de introduzir ganhos de produtividade. Mas não nos peçam para obter resultados de
produtividade à custa do desemprego.
Conhecemos as estatísticas do período 2011-2015, e os eventuais aumentos de produtividade são o produto
do aumento do desemprego, que cresceu a um ritmo superior ao crescimento económico. Recusamos esse
caminho, e não deveria servir de bandeira a quem defende o bem-estar de Portugal e dos portugueses.
Sr. Presidente, a mudança estrutural na economia que o Governo do PS está a construir não tem segredos
e muito menos acontece por acaso. Tudo começou com a implementação de uma melhor distribuição de
rendimentos, não apenas com a devolução do que tinha sido retirado aos portugueses mas também com
melhorias no salário mínimo, com passos certos na estabilidade fiscal e no controlo das contas públicas.
Aplausos do PS.
É neste contexto que surge este debate, numa altura em que o Governo estabelece novos desígnios para o
País, colocando no terreno uma estratégia que permita assegurar a Portugal uma década de convergência com
a União Europeia.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Sabemos que não há milagres e que para se obter tamanho desafio
exige-se que Portugal cresça, em média, mais do que o resto da Europa.
Para assegurar este desiderato, importa mobilizar Portugal em torno do essencial: apostar nos fatores de
competitividade para melhorar a produtividade e confirmar o crescimento económico.
É aqui que entra a inovação, um dos mais poderosos fatores de competitividade, capaz de alavancar
exportações, internacionalizar a nossa economia e acelerar o crescimento económico.
Há, por isso, domínios em que o Governo já está a trabalhar para obter ganhos de produtividade e assegurar
mais valor às nossas exportações.
Queria lembrar que, apesar de tudo, não começámos nada de novo. Na prática, arrumámos e demos corpo,
estímulo e incentivo ao sistema de ciência e tecnologia em Portugal.